Que Messi é candidato a ser o principal nome da Copa 2022, nao há dúvidas. Contudo, há um outro Lionel que talvez mereça um protagonismo semelhante. Com apenas 44 anos, Scaloni assumiu em 2018 o comando da seleção da Argentina de forma improvável e, hoje, está a um passo de se tornar o treinador mais jovem a ser campeão mundial desde 1978.
Auxiliar de Jorge Sampaoli no Sevilla e na própria Argentina, Scaloni assumiu o cargo logo após a eliminação no Mundial da Rússia, inicialmente, de forma interina. Porém, os resultados foram tão bons que o treinador foi efetivado no cargo. E deu certo. Em 2021, com a conquista da Copa América, o comandante deu fim a um jejum de 18 anos sem títulos da equipe albiceleste.
— Scaloni teve uma evolução e um amadurecimento muito rápido como treinador. Liderou um processo de renovação na seleção, lançando muitos jogadores que não estavam no radar do futebol argentino, como Dibu Martinez, Romero, Molina, Enzo Fernández, MacAllister e Julián Álvarez. E, mesmo jovem, demonstrou ter pulso firme para tomar decisões. Um exemplo é a situação de Paulo Dybala, que é uma grande figura do futebol mundial e, na seleção argentina é banco — avalia o repórter Gustavo Yarroch, setorista da seleção argentina da Rádio La Red.
Além da vocação para o cargo, os argentinos exaltam a importância da comissão técnica competente montada por Scaloni. No dia-a-dia da seleção argentina, os treinos específicos para o setor defensivo são comandados pelos ex-zagueiros Roberto Ayala e Walter Samuel. Já as atividades do setor ofensivo ficam a cargo do ex-meia Pablo Aimar.
— Os três auxiliares da seleção argentina transmitem muita experiência, especialmente aos jovens. Ter uma comissão técnica com toda essa experiência certamente ajuda muito — opina o ex-lateral Pablo Zabaleta, que disputou a Copa de 2014 pela Argentina.
Já o ex-zagueiro colombiano Ivan Córdoba, que teve uma passagem de destaque pelo San Lorenzo, da Argentina, defendeu que a seleção da Colômbia adote uma estratégia parecida rumo a Copa de 2026.
— Scaloni montou um grupo de trabalho incrível. O trabalho deles é impressionante, e os resultados mostram isso. Tomara que a Colômbia consiga fazer o mesmo agora com o (ex-zagueiro) Luis Amaranto Perea sendo auxiliar de Nestor Lorenzo (anunciado em junho como novo comandante da seleção colombiana). Ayala, Samuel e Aimar não só foram jogadores de alto nível, como se prepararam para isso. Toda a comissão técnica argentina se preparou para este processo — declarou a GZH.
Além de desempenho e resultados, Scaloni resgatou a paz ao ambiente argentino. A relação conturbada com a imprensa, que marcou o ciclo da Copa 2018, deu lugar a um ambiente de harmonia entre atletas e repórteres. O treinador é cordial inclusive com a imprensa estrangeira, como, por exemplo, quando atendeu a GZH logo após a vitória sobre a Holanda, nas quartas de final.
— Nós somos sul-americanos. Por sermos sul-americanos, gostaríamos que o Brasil estivesse na semifinal, mas infelizmente não estará — disse.
Outra qualidade destacada no trabalho de Scaloni pela imprensa argentina é a resiliência. Afinal, nem a derrota para a Arábia Saudita, na estreia, foi suficiente para abalar a equipe albiceleste.
— Esse time aguenta o que for. Não nos entregamos e não demos por vencido, pois o nosso time é assim. Esse time tem um espírito para aguentar o que for, tem vontade e tem orgulho. Temos um espírito de saber encarar cada momento — afirmou o técnico após o revés.
Os elogiados quatro anos de trabalho de Scaloni serão colocados à prova neste domingo (18), na grande final contra a França. Se vencer e conquistar o tricampeonato mundial pela albiceleste, o treinador de 44 anos se tornará o técnico mais jovem a vencer uma Copa, desde 1978, quando o também argentino Cesar Menotti conduziu os argentinos ao primeiro título, com apenas 40 anos.