Há vaga. Talvez uma das mais cobiçadas do futebol mundial, mas quem assumir terá de conviver com a pressão por 20 anos sem o título da Copa do Mundo. O cargo em questão é o de treinador da Seleção Brasileira, a única pentacampeã do mundo, mas que não ganha o torneio — e nem sequer chega à final — desde 2002.
Neste período de duas décadas, passaram pelo cargo Carlos Alberto Parreira, Dunga, Mano Menezes, Luiz Felipe Scolari e Tite. Este último assumiu a equipe em setembro de 2016 e comandou o Brasil em duas Copas, mas parou nas quartas de final em ambas. Não importam os bons números nas Eliminatórias ou o título da Copa América de 2019. O Mundial passou entre os dedos.
Tite já havia anunciado muito antes do embarque para o Catar que, independentemente do resultado, deixaria a Seleção Brasileira após a Copa. E, desde então, muitos nomes foram cogitados. Alguns, já saíram do radar. Outros, ganharam força nos últimos meses, semanas ou até dias.
Hoje, os principais cotados são Abel Ferreira (Palmeiras), Carlo Ancelotti (Real Madrid), Dorival Júnior (sem clube), Fernando Diniz (Fluminense), Jorge Jesus (Fenerbahçe), Mano Menezes (Inter) e Pep Guardiola (Manchester City). Por isso, GZH conta como foram as últimas temporadas destes treinadores.
Abel Ferreira
É o treinador mais vitorioso do futebol brasileiro nos últimos anos. À frente do Palmeiras desde outubro de 2020, o português de 43 anos conquistou duas Libertadores, uma Copa do Brasil, um Paulistão, uma Recopa Sul-Americana e um Campeonato Brasileiro. São seis taças em dois anos e meio de trabalho. Mais do que isso, tem se mostrado habilidoso nas questões táticas, com variações de esquemas e modelos no comando do Palmeiras.
Pesa contra ele o temperamento difícil e, especialmente, a inexperiência. Antes de chegar ao Verdão, treinou apenas outros dois times profissionais. Começou nas equipes B do Sporting e, em seguida, do Braga. Assumiu a equipe principal do Braga em 2017. Depois, foi para o PAOK, da Grécia, onde permaneceu pouco tempo até aceitar o convite do Palmeiras. Portanto, são apenas seis anos como técnico em equipes principais.
Carlo Ancelotti
Se a falta de experiência de Abel Ferreira poderia ser vista como um problema para a CBF, Carlo Ancelotti tem bagagem de sobra. Aos 63 anos, o italiano tem quatro títulos de Liga dos Campeões da Europa no currículo e já passou por gigantes do futebol mundial como Juventus, Milan, Chelsea, PSG e Bayern de Munique. Atualmente, está em sua segunda passagem pelo Real Madrid, tendo conquistado o Campeonato Espanhol e a Champions League na última temporada.
Já trabalhou com inúmeros brasileiros ao longo da carreira. Treinou nomes de peso como Dida, Cafu, Kaká e Ronaldo no Milan. Também comandou Thiago Silva no PSG, Douglas Costa e Rafinha no Bayern e hoje convive com Éder Militão, Vinicius Júnior e Rodrygo no Real Madrid. É frequentemente elogiado pela boa relação com os atletas e volta e meia aparece nas listas de melhores treinadores de todos os tempos. O problema maior seria tirá-lo do Real Madrid, clube com o qual tem contrato até 2024.
Dorival Júnior
Atual campeão da Copa do Brasil e da Libertadores pelo Flamengo, não teve o contrato renovado pelo time carioca e é o único da lista que está sem clube no momento. Aos 60 anos, tem uma vasta trajetória no futebol brasileiro, tendo passado por 20 clubes ao longo da carreira de treinador. Nos últimos anos, porém, teve trabalhos contestados até reencontrar o sucesso no Ceará e, depois, no Flamengo.
Em 2010, quando comandou o Santos, foi um dos primeiros técnicos a trabalhar com o ainda menino Neymar. E ficou marcado por um desentendimento com o jogador ao não deixá-lo bater um pênalti. O desentendimento levou, inclusive, à demissão de Dorival do clube. O treinador garante, no entanto, que os dois se acertaram, e que o atleta amadureceu ao longo dos últimos anos.
Fernando Diniz
O bom trabalho no Fluminense nesta temporada, com futebol ofensivo e baseado na manutenção da posse de bola, fez com que o treinador de 48 anos fosse especulado como possível nome preferencial da CBF para ser o substituto de Tite. Pesa a favor de Fernando Diniz elogios recentes de jogadores e ex-jogadores da Seleção, como Neymar e Ronaldo.
Apesar de atuar como técnico desde 2009, ganhou reconhecimento pelo trabalho no Grêmio Osasco Audax, onde permaneceu por cinco anos. Em 2016, foi vice-campeão paulista com a equipe, passando pelo São Paulo nas quartas e pelo Corinthians na semi, perdendo o título para o Santos na final. Depois, Diniz voltou a fazer um bom trabalho no São Paulo, em 2020. Contudo, carrega o peso de não ter conquistado títulos expressivos como treinador.
Jorge Jesus
A grande temporada de 2019 no Flamengo, com os títulos do Campeonato Brasileiro e da Libertadores, colocou Jorge Jesus entre os preferidos da imprensa e de parte dos brasileiros. Porém, desde que deixou o clube carioca, não conseguiu o mesmo sucesso. Passou duas temporadas no Benfica e foi demitido devido aos maus resultados e a dificuldades no relacionamento com o elenco.
Nesta temporada, assumiu o Fenerbahçe, da Turquia, e soma 16 vitórias em 25 jogos. Com nomes como os ex-flamenguistas Gustavo Henrique e Willian Arão, além do meia Lincoln, ex-Grêmio, a equipe está na liderança do Campeonato Turco, dois pontos à frente do vice-líder, Galatasaray.
Na carreira, comandou diversos clubes no seu país de origem e é tricampeão português. Aos 68 anos, poderia ter sua primeira experiência em seleções.
Josep Guardiola
Um dos grandes treinadores da história do futebol, Guardiola, 51 anos, é o sonho da CBF e dos brasileiros para assumir o comando da Seleção. Porém, dificilmente será o novo técnico do Brasil. O espanhol comanda o milionário Manchester City e já afirmou que não pretende deixar o clube inglês nos próximos anos. Recentemente, teve o contrato renovado até 2025.
Comandou o Barcelona e o Bayern de Munique antes de chegar ao City. E ostenta, no currículo, títulos por todas as equipes onde passou. Conquistou duas vezes a Liga dos Campeões da Europa e três vezes o Campeonato Espanhol pelo Barça. Também foi tricampeão alemão pelo Bayern, e já soma quatro títulos ingleses pelo City.
Mano Menezes
O único da lista que já teve a experiência de comandar a Seleção Brasileira. Mano Menezes treinou a equipe entre 2010 e 2012 e foi demitido após fracassos na Copa América e na Olimpíada, com 21 vitórias, seis empates e seis derrotas em 33 jogos. Agora, volta à pauta após boa temporada no comando do Inter, com o vice-campeonato brasileiro. Em novembro, o comentarista do Grupo Globo Caio Ribeiro afirmou que o técnico seria o substituto de Tite, informação que foi negada pela CBF e também pelo treinador.
Gaúcho de Passo do Sobrado, Mano tem 60 anos e passou por diversos clubes do interior do Estado no início da carreira. Treinou o Grêmio entre 2005 e 2007 e conquistou a Série B e duas vezes o Gauchão, além de ter sido vice-campeão da Libertadores. Depois, ganhou a Copa do Brasil três vezes, uma pelo Corinthians e duas pelo Cruzeiro. Estava fora do mercado após deixar o Al-Nassr, da Arábia Saudita, em setembro de 2021, mas foi contratado pelo Inter em abril deste ano e conseguiu bons resultados.