Cinco décadas se passaram desde que Roberto Carlos adentrou pela primeira vez a casa das famílias brasileiras com seu especial de fim de ano. O programa inaugural, exibido em 24 de dezembro de 1974, contou com cenas gravadas na cidade natal do artista, a capixaba Cachoeiro de Itapemerim, além de números musicais com parceiros como Erasmo Carlos e Antônio Marcos, participações de estrelas das novelas da Globo e a simulação de uma ceia de Natal.
Foi uma produção grandiosa para os parâmetros televisivos da época, sinalizando que nascia ali uma atração fadada a se tornar tradicional, cuja longevidade será celebrada na noite desta sexta-feira (20), às 22h40min, na TV Globo.
Batizado como RC 50, o especial que marca o encerramento de 2024 será dedicado a celebrar os 50 anos da parceria entre o cantor e a emissora. O programa que será exibido ao público foi gravado em 27 de novembro, quando Roberto Carlos levou mais de 35 mil pessoas ao Allianz Parque, em São Paulo.
A concepção do espetáculo é assinada por Boninho, bem como a direção da versão que irá ao ar na TV. Trata-se do último compromisso dele na Globo, emissora da qual se despede após 40 anos de trabalho e vários especiais do Rei no currículo.
— Mesmo sendo feito há anos, os convidados, que sempre mudam, dão um tom diferente a cada especial — diz o diretor. — Roberto é um artista completo, um cantor único, um intérprete como poucos. Gosto de criar o show ao lado dele, juntando nossa experiência e história. Antes de ser o diretor dele, já tínhamos uma relação de muitos anos e isso ajuda muito, porque podemos ser transparentes nas ideias.
Uma das inovações que tem a assinatura do agora ex-Big Boss é um painel de LED gigante que foi colocado sobre o palco. No telão, imagens de especiais de fim de ano que foram marcantes ao longo das últimas cinco décadas misturam-se a momentos da trajetória pessoal e artística de Roberto Carlos, com um roteiro pensado para fazer com que a majestade da música brasileira rememore a própria história e se emocione com ela junto ao público.
Diferentes gerações e estilos
Momentos de alta carga emocional também são prometidos pelos duetos que serão apresentados no especial. Roberto Carlos recebeu no palco do Allianz Parque nomes que fazem parte de sua carreira e representam diferentes gerações e estilos da música brasileira.
O primeiro foi ninguém menos que Gilberto Gil, um dos mais importante nomes da música popular brasileira e pai do tropicalismo, movimento que foi contemporâneo da Jovem Guarda de Roberto Carlos, mas representava uma vertente distinta. Unidos, eles interpretaram Vamos Fugir, de Gil e Liminha, e A Paz, parceria do baiano com João Donato.
Depois, foi a vez de Zeca Pagodinho adentrar o palco para um dueto das canções Deixa a Vida me Levar, consagrada na voz do sambista, e Sonho Meu, de Dona Ivone Lara. Já Frejat, Paulo Ricardo e João Barone se juntaram ao Rei em um mergulho na fase mais rock'n'roll da carreira dele, interpretando as canções O Calhambeque, Mexerico da Candinha e Lobo Mau.
— Participar de algo musicalmente com ele é uma honra, uma credencial de cavaleiro do rei — diz Paulo Ricardo. — Para a nossa geração, ele é como Elvis e Beatles juntos. Ele trouxe uma nova forma de fazer música, com filmes que misturavam ação e humor, e isso foi muito representativo — detalha o músico.
O especial ainda traz a participação da dupla Chitãozinho e Xororó, que define Roberto Carlos como "um ícone da música brasileira", e das atrizes Dira Paes, Letícia Colin e Sophie Charlotte. Os sertanejos interpretaram junto ao Rei os clássicos Evidências e Sinônimos, enquanto as estrelas da Globo cantaram Olha.
A última convidada não poderia ser outra: Wanderléa, amiga de Roberto Carlos há mais de 60 anos e companheira dele na Jovem Guarda. Os dois interpretaram Na Paz do Seu Sorriso e Ternura, canção que fez o Rei designá-la o apelido de "ternurinha".
— Nos shows, essa é a música que o público canta com mais ênfase. Parece que eles têm essa memória afetiva muito forte no coração — conta a artista.
Com algumas dezenas de especiais do amigo no currículo, Wanderléa define o de 2024 como o mais especial de todos, justamente pela efeméride que representa. Ela rememora sua trajetória junto à atração e lamenta a ausência de Erasmo Carlos, o Tremendão, que faleceu em 2022:
— A memória mais forte é a presença do Erasmo conosco, comemorando todos os anos. Infelizmente, ele não estará nessa comemoração de 50 anos aqui na terra, mas lá do céu ele vai estar participando e comemorando junto a esse público tão querido, que nos ama tanto há muitos anos.
Para além dos duetos e parcerias, Roberto Carlos deve cativar o público com algumas de suas mais célebres canções. O artista passa a limpo os seus principais sucessos, indo de Esse Cara Sou Eu, canção de abertura, até Eu Ofereço Flores, escolhida para o encerramento, marcado pela tradicional entrega de rosas à plateia, repleta de celebridades.
Quando a canção derradeira chegar ao fim, certamente haverá quem não se contente em ver o Rei somente pela televisão. Para esses, 2025 reserva uma boa notícia: Roberto Carlos passará por quatro cidades do Rio Grande do Sul no primeiro semestre do próximo ano, incluindo Porto Alegre. Os ingressos já estão disponíveis.