Argentina e França irão fazer uma final de Copa do Mundo que tem no confronto entre Lionel Messi e Kylian Mbappé a sua grande atração. Nas casamatas, porém, o novato Lionel Scaloni, 44 anos, e o atual campeão mundial Didier Deschamps, 54, farão um duelo de estratégias. O Desenho Tático de GZH projeta as alternativas táticas que os dois treinadores podem apresentar na decisão de domingo (18), no Estádio Lusail.
As duas finalistas têm trajetórias distintas nesta Copa. Ainda que ambas tenham terminado a fase de grupos com seis pontos, a França venceu suas duas primeiras partidas e foi derrotada pela Tunísia quando usou reservas por estar com a vaga garantida nas oitavas de final. Já a Argentina iniciou sendo surpreendida pela Arábia Saudita e enfrentou México e Polônia obrigada a vencer para evitar a eliminação precoce.
A forma como as equipes iniciaram o Mundial ajudou a condicionar a montagem dos times. A França vem mantendo uma base desde o início enquanto a Argentina se acostumou a mudar partida a partida. Não está descartado que Scaloni mande a campo uma escalação inédita no domingo.
França fortalece Mbappé
Depois de perder jogadores do porte de Kanté, Pogba e Karim Benzema por lesão antes da Copa do Mundo, Deschamps apostou em um sistema tático que busca proteger a estrela Mbappé das tarefas defensivas.
A França parte de um sistema 4-2-3-1 que tem Tchouaméni e Rabiot como volantes, Dembelé aberto pela direita, Griezmann por dentro e Mbappé pela esquerda na linha atrás do centroavante Giroud.
Sem a bola, o volante do lado esquerdo – Rabiot é o titular e Fofana jogou contra Marrocos — fica responsável por fazer a marcação à frente do lateral Theo Hernández para que Mbappé não precise retornar e fique à espera da retomada para puxar os contra-ataques. Essa movimentação do volante exige que Griezmann recue mais e em alguns momentos se alinhe a Tchouaméni.
França na fase defensiva:
É nesse setor esquerdo, por onde a França cria suas principais jogadas, é que deve acontecer o principal duelo tático da final. Isso porque Lionel Scaloni tem montado a Argentina de acordo com seus adversários e, certamente, tentará armar uma forma de conter Mbappé, mas também explorar as fragilidades defensivas que os europeus apresentam nesse lado.
Um exemplo para Scaloni vem das quartas de final, quando a Inglaterra usou o lateral Walter como um terceiro zagueiro para marcar diretamente Mbappé e teve o meia Henderson caindo pela direita para explorar as costas do camisa 10 francês. Com Saka em cima de Theo Hernández, os ingleses causaram problemas para a atual campeã do mundo, apesar da derrota por 2 a 1.
Scaloni não conta com um ponta com as características de Saka. O mais próximo disso é Di María, que sofreu um problema muscular diante da Polônia, na última rodada da fase de grupos, e atuou apenas os 10 minutos finais do confronto com a Holanda no mata-mata. Caso Di María comece, Paredes deixará o time.
Há também dúvida na lateral direita no selecionado sul-americano. Ainda que Molina faça boa Copa do Mundo, Montiel pode ganhar a vaga por ter um maior poder de marcação. Essa estratégia foi usada na final da Copa América de 2021 para conter Neymar.
Com Di María, como deve ser o duelo na fase ofensiva da Argentina:
A questão física, que abre dúvida sobre a titularidade de Di María, deixa aberta a possibilidade de Scaloni repetir o meio-campo da semifinal com Paredes ao lado de Enzo Fernández e De Paul fazendo o lado direito. Nesse cenário, porém, a Argentina perderia um jogador agudo no setor direito.
Uma alternativa a isso é Scaloni repetir o sistema com três zagueiros utilizado diante da Holanda, com a entrada de Lisandro Martínez e a utilização de Molina como ala-direito para atacar no setor. Assim, o meio-campo teria o trio Enzo Fernández, De Paul e Mac Allister.
O duelo com Argentina no ataque com três zagueiros:
O duelo com a França no ataque diante da Argentina com três zagueiros:
A decisão de domingo terá outros duelos-chaves a serem vencidos, os principais deles nas formas de marcação dos franceses sobre Messi e da argentina em cima de Griezmann. Mas é no lado esquerdo da França e direito da Argentina que deve acontecer o principal movimento de peças de Lionel Scaloni e Didier Deschamps na decisão.