Além de bom treinador, Lionel Scaloni é, acima de tudo, um cavalheiro. Logo após a entrevista coletiva oficial pós-jogo contra a Holanda, o técnico da Argentina concordou em quebrar o protocolo e concedeu uma rápida entrevista a mim e a um repórter espanhol, únicos jornalistas presentes na porta dos vestiários do estádio Lusail. Apesar da rivalidade, o comandante argentino lamentou que a semifinal não será contra o Brasil.
— Nós somos sul-americanos. Por sermos sul-americanos, gostaríamos que o Brasil estivesse na semifinal, mas infelizmente não estará. Nosso adversário será a Croácia, que já mostrou sua qualidade, e certamente será um jogo muito duro — disse.
O protocolo da Fifa estabelece que os treinadores só precisam falar com a imprensa na entrevista coletiva oficial, em uma sala específica para isso. Eu e o o colega espanhol, da Rádio Cadena SER, estávamos no túnel de acesso ao campo, em uma posição denominada "flash interview". Após a coletiva, o técnico argentino passou por nós e concedeu uma rápida entrevista.
Perguntei a Scaloni sobre a derrota do Brasil. Se ele havia se surpreendido e se o revés da Seleção Brasileira de alguma forma serviria de alerta para a semifinal contra a Croácia, na próxima terça (13). O treinador concordou. O tropeço brasileiro servirá como uma vacina para o jogo decisivo contra os croatas.
— Claro que sim. Mas, acima de tudo, é importante dizer que a Croácia é uma grande seleção, tanto é que eliminou o Brasil. O futebol tem disso. Mesmo quando você pensa que está tudo acabado, tudo muda. Faz parte — declarou.
Scaloni falou ainda sobre a vitória sofrida contra a Holanda. Após fazer 2 a 0 e ter o jogo "encaminhado", a Argentina cedeu o empate e só conquistou a vaga na semifinal no drama da disputa por pênaltis.
— Não merecíamos, na minha opinião, ir para os pênaltis, mas faz parte do futebol. Não nos entregamos e não demos por vencido, pois o nosso time é assim. Fomos para os pênaltis, ganhamos e foi lindo — celebrou.
Para Scaloni, tanto o jogo do Brasil como o da Argentina mostram o quanto o futebol é imprevisível, até mesmo para grandes seleções.
— O futebol é assim. Existem muitas coisas que podem acontecer no final do jogo quando você pensa que está tudo terminado. Como eu disse, às vezes, o resultado está se encaminhando para ser um, mas, em uma jogada, muda tudo — disse.
Após a conversa, o treinador despediu-se de forma educada de mim e do colega espanhol e partiu para o ônibus da Argentina, que o levaria de volta à concentração.
Os argentinos enfrentam agora a Croácia na próxima terça (13), às 16h (horário de Brasília), mais uma vez no estádio Lusail.