Em um dos jogos mais alucinantes da Copa do Mundo, a Argentina está classificada para a semifinal. A vaga veio após vencer a Holanda por 4 a 3 nos pênaltis. Mas o que as duas entregaram no tempo normal e na prorrogação foi digno do maior campeonato do planeta. Os sul-americanos abriram 2 a 0 e levaram o empate no 101º minuto. Na prorrogação, a pressão nos instantes finais deixou o time de Messi mais confiante. E fez valer nas penalidades. Na terça-feira (13), enfrenta a Croácia.
A partida foi absolutamente enrolada no primeiro tempo. Meia hora de balão de um lado para o outro. Quaisquer tentativas argentinas paravam no trio defensivo holandês. O contrário era idêntico: o 5-3-2 de Scaloni anulou as investidas europeias.
Chutes, só de fora da área. Aos 21, Messi arriscou. Longe do gol. Aos 23, Bergwjin pegou de pé esquerdo, longe do gol. Na direção do gol só aos 32: De Paul, de fora da área, mas fraquinho, na mão do goleiro.
Tudo parecia bloqueado, fechado. Não tinha espaço, a marcação sobre o ataque era implacável. Então, Messi saiu da área. Recebeu entre a defesa e o meio-campo. Abriu espaço do lado direito de ataque. Molina correu por lá, mas estava fora da visão do camisa 10.
Messi não precisa ver. Ele sente. Captou o espaço onde entrava o ala. Calibrou o passe, no tempo certo, no pé direito de Molina, à frente de Blind. De bico, o argentinou venceu o goleiro e abriu o placar: 1 a 0.
Era o que precisava. Louis Van Gaal não quis esperar muito. No intervalo terminou com o sistema de três zagueiros e mandou o time mais para a frente. Mas sua grande arma ofensiva do primeiro tempo acabou no segundo. A Argentina simplesmente parou de fazer falta na entrada da área e permitir cruzamento.
Mais tranquilos, os sul-americanos tentavam o contra-ataque que terminaria o jogo. Duas vezes, o passe final foi forte demais e não houve a conclusão.
Aos 28, o lance da consagração. Acuña entrou na área pela esquerda, driblou o adversário e foi derrubado na área. Pênalti. Messi assumiu a responsabilidade. Caminhou até a bola, talvez pensando até na penalidade que havia perdido contra a Polônia. Mas se isso passou por sua cabeça, logo foi embora. A cobrança foi calma, com o goleiro vencido, parado no meio do campo e fez o 2 a 0.
Fim de jogo? Não com a Argentina. Sempre tem de haver um tango, um drama, uma emoção. Aos 38, Weghorst, o grandalhão centroavante, ganhou da defesa e diminuiu. O 2 a 1 deixou a partida aberta. Aos 40, Weghorst escorou e De Jong chutou forte, na rede pelo lado de fora, dando a impressão de que tinha empatado.
O árbitro assinalou 10 minutos de acréscimos. No primeiro deles, falta na altura da meia lua contra os argentinos. A cobrança, porém, foi ruim. No último, a Argentina fez exatamente a mesma falta. Pezzella, por nada, atropelou Weghorst. Desta vez Koopmeiners foi brilhante: surpreendentemente, deu um passe perfeito para Weghorst girar e empatar o jogo. Aos 101 minutos. Prorrogação.
Não tinha como a Holanda manter aquele ritmo alucinante do final do tempo normal. Nem a Argentina poderia ficar tão recolhida querendo que a partida acabasse. Mas os primeiros 15 minutos do período extra foram apenas para cumprir protocolo. Não teve chute a gol, mal teve faltas. A intensidade baixou.
No segundo tempo da prorrogação, o ritmo aumentou. Enzo Fernández foi o protagonista de duas jogadas ofensivas perigosas da Argentina. Ele invadiu a área pela direita e cruzou rasteiro para trás. Lautaro encheu o pé e a bola explodiu no peito de Van Dijk. Não fosse isso, seria a vitória. No lance seguinte, Enzo arriscou de fora da área, a bola desviou na defesa e passou raspando o travessão. Nos minutos finais, a Holanda encaixou um contra-ataque pela direita, mas Berghuis errou o passe que deixaria Weghorst sozinho. Depois, Lautaro bateu forte e Noppert fez uma grande defesa. A última conclusão foi de Enzo Fernández. Na trave.
Nos pênaltis, Van Dijk abriu e Martínez pegou. Messi repetiu a categoria e fez 1 a 0. Berghuis cobrou e Martínez defendeu de novo. Paredes converteu. Koopmeiners marcou o primeiro para a Holanda. Montiel também fez o dele. Weghorst manteve os europeus vivos. Enzo Fernández chutou para fora. De Jong bateu com paradinha e empatou. A bola do jogo ficou com Lautaro. E o mais criticado dos jogadores botou na rede. Argentina na semifinal. O tango ainda está tocando.
ARGENTINA
Emiliano Martínez; Molina (Montiel, int. prorr.), Romero (Pezzella, 33'/2ºT), Otamendi, Lisandro Martínez (Di María, 7'/2ºT prorr.) e Acuña (Tagliafico, 33'/2ºT); De Paul (Paredes, 21'/2ºT), Enzo Fernández e Mac Allister; Messi e Julián Álvarez (Lautaro, 38'/2ºT).
Técnico: Lionel Scaloni
HOLANDA
Noppert; Timber, Van Dijk e Aké; Dumfries, De Roon (Koopmeiners, int.), Frankie De Jong e Blind (Luuk De Jong, 19'/2ºT); Gakpo (Lang, 8'/2ºT prorr.), Memphis Depay (Weghorst, 33'/2ºT) e Bergwijn (Berghuis, int.).
Técnico: Louis Van Gaal
Gols: Molina, aos 35 minutos do primeiro tempo. Messi (pênalti), aos 28, Weghorst aos 38 e aos 56 minutos do segundo tempo. Nos pênaltis: Messi, Paredes, Montiel e Lautaro converteram, Enzo Fernández desperdiçou para a Argentina; Koopmeiners, Weghorst e Luuk De Jong converteram, Van Dijk e Berghuis desperdiçaram para a Holanda.
Cartões amarelos: Romero, Otamendi, Lisandro Martínez, Acuña, Messi, Montiel, Paredes e Pezzela (A); Timber, Dumfries, Depay, Bergwijn, Berghuis, Lang e Weghorst (H)
Estádio: Lusail
Arbitragem: Antonio Mateu Lahoz, auxiliado por Pau Cebrian e Roberto Diaz. VAR: Alejandro Hernandez (todos espanhóis)