O Auditório Araújo Vianna abrigará um momento histórico na noite desta quinta-feira (19), a partir das 21h.
Depois de 20 anos sem se reunirem para um show completo, Charles Master, Márcio Petracco, Tchê Gomes, João Maldonado, Fábio Ly e Paulo Arcari, integrantes de formações históricas da banda TNT, estarão juntos novamente no palco, levando ao público um espetáculo que marca também as quatro décadas do grupo.
Idealizado em 1984 pelas versões adolescentes de Charles Master e Flavio Basso (que em seguida migraria para Os Cascavelletes, viraria Júpiter Maçã e Júpiter Apple, a alcunha que adotou até sua morte, em 2015), o TNT foi um dos responsáveis pela fundação do que hoje se denomina rock gaúcho.
O grupo experienciou o estrelato no Sudeste do país e marcou a era de ouro do gênero no Rio Grande do Sul, ao lado de bandas como DeFalla, Os Replicantes e Garotos da Rua.
Assim como seus contemporâneos, o TNT teve diferentes formações ao longo dos anos, abrangendo nomes como Nei Van Soria (guitarra e vocal), Felipe Jotz (bateria) e até mesmo Armandinho (vocal).
Os mais longevos integrantes são Charles Master (guitarra, baixo e vocal, entre outros), idealizador ao lado de Basso; Márcio Petracco (guitarra, baixo e vocal, entre outros), que esteve na primeira formação, deixou o grupo e voltou tempo depois; e Tchê Gomes (guitarra, violão e vocal, entre outros), que ingressou na banda à época da gravação do primeiro disco, TNT, de 1987.
— Um lance doido, que às vezes ninguém considera, é que lá no começo a coisa era uma brincadeira da gurizada na garagem. Tem o episódio célebre de quando os guris foram ensaiar na praia e eu não pude ir, então saí da banda. Era assim: entrava um, saía outro, cada ensaio uma nova formação — lembra Márcio Petracco, frontman do show desta quinta-feira ao lado de Master e Tchê.
João Maldonado (teclados), Fábio Ly (bateria) e Paulo Arcari (bateria), músicos que completam o elenco do reencontro, ingressaram no grupo em épocas distintas e participaram da gravação de pelo menos um dos seis discos da banda — o que, para eles, torna histórica a formação que sobe ao palco nesta quinta-feira, como uma seleção dos craques que passaram pelo grupo.
Em paz com a própria trajetória
Tidos hoje como itens de colecionador, os discos do TNT guardam canções essenciais do rock gaúcho. Exemplos disso são Não Sei, Entra Nessa, Nunca Mais Voltar, Identidade Zero, Quem Procura Acha, Ana Banana, Irmã do Dr. Robert, Cachorro Louco, Oh! Deby, Gata Maluca e outras que conquistaram o cenário nacional e sobreviveram ao tempo, aos rachas e aos "recessos" do grupo, o último deles no início dos anos 2000.
— Para mim, o TNT nunca parou. A gente parava de tocar junto, mas daqui a pouco, em um belo dia, um falava com o outro e retomava. E o nosso repertório sempre esteve vivo — avalia Tchê Gomes.
Nesta quinta-feira, a banda promete enfileirar seus principais hits, além de canções lado B que devem acalentar o coração dos fãs mais longevos. Será uma forma de recompensar o público das antigas, que ansiava reviver os tempos áureos do TNT, e uma espécie de boas-vindas a quem entrou nessa depois da virada do século.
— Estamos de cabelo branco, seguimos fazendo música e tocando esse repertório toda a vida, aí a impressão que temos é que todo mundo já viu o TNT — comenta Charles Master. — Estamos nos dando conta de que tem uma galera que vai nos assistir pela primeira vez e que aguardava muito por esse momento. É algo que nos deixa curiosos e eufóricos — diz.
Para os músicos que integram o reencontro, um dos diferenciais do TNT que permite que as canções atravessem gerações, é a liberdade artística. Eles defendem que o grupo nunca fez questão de se encaixar em nenhuma prateleira, por isso resistiu ao tempo e seguiu em paz com a própria trajetória.
— No meio underground, os caras nos tiravam para pop. No meio mais pop, nos tiravam para metaleiro (risos). Acabamos ficando em um certo limbo, pelo simples motivo de que não queríamos nem ser tão pop nem tão underground, só queríamos fazer o nosso som e ser quem a gente era. Disso acho que temos razão para sentir um pouquinho de orgulho — reflete Petracco.
E o futuro do TNT?
A intenção do sexteto que agora forma o TNT é levar ao Araújo Vianna um show que fará jus à história da banda. Os músicos encaram uma rotina de ensaios em estúdio há cerca de três meses, e a frequência dos encontros se intensificou nas últimas semanas. Eles também criaram uma página oficial no Instagram e abriram um perfil no Spotify, organizando e ampliando o repertório da banda disponibilizado na plataforma.
Os ingressos para o show desta quinta se esgotaram há algumas semanas, mas, apesar da demanda evidente, Master, Petracco, Tchê, Maldonado, Ly e Arcari se esquivam de dizer se o reencontro pode ser lido como um retorno. Eles garantem que não há mais nada no radar além da apresentação, mas concordam que nenhuma porta está completamente fechada.
— Quando perguntam do futuro, eu digo que o futuro é quinta-feira, dia 19, no Auditório Araújo Vianna. Depois a gente vê o que faz — diz Petracco.
Reencontro do TNT
- Nesta quinta-feira (19), às 21h, no Auditório Araújo Vianna (Avenida Osvaldo Aranha, 685), em Porto Alegre
- Abertura da casa: 19h30min
- Ingressos esgotados