Um dos temores dos brasileiros em meio à crise econômica é perder o emprego. A interrupção abrupta da trajetória em uma empresa, a incógnita sobre o que virá pela frente e o esgotamento do saldo bancário são fantasmas que rondam quem sabe que a demissão sempre é possível. Segundo a pesquisa Índice de Medo do Desemprego da Confederação Nacional da Indústria (CNI), a insegurança do brasileiro com a manutenção do contrato de trabalho entre abril e junho foi de 59,3 pontos, na escala de 0 a 100. O índice cresceu em relação a abril (57 pontos) e está acima da média histórica medida desde 1996, de 49,9 pontos.
O receio de ser dispensado não é mera fantasia. A taxa de desemprego no Brasil foi de 12,3% no trimestre encerrado em maio, atingindo 13 milhões de pessoas, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O Rio Grande do Sul, com uma das menores taxas do país, registra 8%.
— Mesmo que o profissional saiba que é um risco, a demissão sempre costuma ser recebida com surpresa —afirma a psicóloga Raquel de Oliveira Santiago, consultora da Selo Desenvolvimento de Carreiras.
Atualização profissional e contatos impulsionam a rápida recolocação
— Este cenário mostra que é preciso estar preparado para o caso de haver uma demissão, com uma ideia de plano B sempre no radar — avalia Rose Russowski, diretora da Lee Hecht Harrison, empresa que trabalha com coach e transição de carreira, recolocação e desenvolvimento de lideranças.
Isso significa ter uma rede de contatos bem azeitada, que pode ser movimentada imediatamente em caso de perda do emprego. Outra medida essencial é se manter atualizado e não se contentar em ser um profissional de apenas uma tarefa, defasado em outras funções de sua área de conhecimento. Com a quantidade de cursos e fontes de informações disponíveis gratuitamente, é possível se qualificar sem gastar com isso.
A economia é bem-vinda, pois a recolocação pode demorar. Conforme a pesquisa do IBGE, quatro em cada 10 desempregados procuram uma nova vaga por mais de um ano. Ter uma reserva financeira para compensar o tempo que ficará sem receber salário evita depender do seguro-desemprego (que é limitado a no máximo cinco parcelas) e sofrer a angústia de correr contra o tempo para conseguir pagar as contas.
— A recomendação é que o profissional tenha reservado em uma poupança o valor equivalente a entre seis meses e dois anos de remuneração — afirma Rose.