Apesar de preocupante, o fenômeno do desalento não é definitivo. A superação do estado de desânimo que acomete milhares de brasileiros passa pela retomada da economia e pela geração de empregos. Mas vai além disso.
O primeiro passo, segundo Luciana Adegas, supervisora de RH da Metta Capital Humano, é mudar de atitude. Isso significa manter ativas as redes de contato, informar familiares, amigos, conhecidos e ex-colegas sobre o desejo de voltar a trabalhar, fazer cadastro em plataformas digitais como o LinkedIn, participar de feiras de oportunidades, estabelecer contatos e, por mais que seja difícil, ter uma nova postura. O pessimismo tende a passar uma imagem ruim aos interlocutores.
— É importante manter-se perseverante, otimista e com autoestima bacana, pois em algum momento vai surgir uma oportunidade. Pode não ser a chance dos seus sonhos, mas já é um recomeço — pondera Luciana.
Se o problema for psicológico, a Fundação Gaúcha de Trabalho e Assistência Social (FGTAS) oferece atendimento especializado e não cobra por isso, na agência central da FGTAS/Sine na Capital.
— Vivemos um período difícil, mas as pessoas não podem perder a esperança — reforça o diretor-presidente da instituição, Rogério Grade.
É fundamental manter-se atualizado e investir em aperfeiçoamento constante, seja qual for o nível de escolaridade, a faixa etária e a condição financeira. Vale tudo: desde estudar inglês pela internet e ler artigos sobre sua especialidade até se inscrever em cursos presenciais ou à distância.
A gama de ofertas gratuitas é variada. Por exemplo: a Fundação Gaúcha dos Bancos Sociais, da Federação das Indústrias do Rio Grande do Sul (Fiergs), oferece opções de iniciação profissional e qualificação que vão de informática e marcenaria a costura e reaproveitamento de peças de roupas.
— A gente tem exemplos de senhoras que não conseguem mais arrumar emprego e que chegam aqui com os ombros caídos. Depois de algum tempo, a transformação é visível — garante Lucelene Navarro, gerente da fundação.
O Senac-RS também tem alternativas que não exigem aporte financeiro, além de cursos pagos, em todos os níveis. São 600 possibilidades. A vantagem, nesse caso, é que a entidade atua em contato direto com empresas e pode ajudar na interlocução entre mercado e alunos — muitos saem de lá com vaga assegurada.
— É paradoxal perceber que, embora tenhamos muitos desempregados, existam empresas que querem contratar e não encontram o perfil desejado. Temos população com baixo nível educacional e muitas deficiências, por isso é tão importante se preparar — sustenta o diretor regional do Senac-RS, José Paulo da Rosa.
Para quem tem entre 15 e 24 anos e recursos limitados, uma sugestão é recorrer aos Centros da Juventude do Programa de Oportunidades e Direitos (POD), que têm financiamento do Banco Mundial e são gerenciados pela Secretaria Estadual de Desenvolvimento Social, Trabalho, Justiça e Direitos Humanos. São seis unidades, localizadas na Capital, em Alvorada e em Viamão, onde é possível participar de aulas práticas, oficinas e receber orientação direcionada ao mercado de trabalho, entre outras atividades.
— Procuramos ouvir, dar acolhimento e ajudar. Os cursos fazem bastante sucesso porque são rápidos, atrativos e abrem portas. Tem aulas de design de sobrancelha, tatuagem, pizzaiolo, bijuteria e muito mais. É só querer — diz Aldo Silveira Peres, coordenador do POD.
Atenção às dicas:
1 - Mude a atitude
Por mais desesperançoso que esteja, tente deixar o pessimismo de lado e saia de casa, nem que seja para conversar com amigos e ex-colegas apenas para dizer que deseja voltar a trabalhar. Muitas vezes, uma indicação pode ser valiosa.
2 - Mantenha-se atualizado
Se você tem uma área específica, não deixe de seguir se informando sobre as novidades no mercado. Você pode até continuar parado, mas pelo menos não estará desatualizado. Isso é fundamental.
3 - Conecte-se e faça contatos
Faça cadastro em plataformas digitais como LinkedIn e InfoJobs. Participe de feiras de oportunidades promovidas por instituições de ensino _ elas costumam ser abertas à comunidade e, no mínimo, ajudam a fazer contatos.
4 - Tente se aperfeiçoar
Isso inclui desde procurar cursos técnicos ou profissionalizantes até estudar línguas pela internet. O que importa é usar o tempo para se qualificar e, assim, aumentar suas chances de conseguir emprego.
Oportunidades gratuitas
Cursos online
Por meio da plataforma Escola do Trabalhador, o Ministério do Trabalho oferece espanhol e inglês via internet. Além disso, há cursos nas áreas de comunicação, segurança, ambiente e saúde, produção cultural e design, desenvolvimento educacional e social, entre outras opções. Para saber mais, é só acessar o site escola.trabalho.gov.br.
Empregar RS
A Fundação Gaúcha de Trabalho e Assistência Social (FGTAS) vai promover a quinta edição do EmpregarRS em 15 de junho, das 9h às 16h, em mais de 80 agências FGTAS/Sine. É uma espécie de mutirão de empregos. Nas últimas quatro edições foram oferecidas 10,5 mil vagas, com a contratação de 3.795 pessoas. Mais informações no site fgtas.rs.gov.br
EJA
Se você não tem Ensino Médio completo, é hora de procurar a escola estadual mais próxima e se informar sobre o curso de Educação de Jovens e Adultos (EJA). Não custa nada tentar e vai melhorar muito o currículo.
Senac-RS
O site da instituição (senacrs.com.br) traz detalhes de 600 opções de cursos, em todos os níveis. Para ver as opções gratuitas, acesse o Programa Senac de Gratuidade (senacrs.com.br/psg_programa.asp) e veja os editais.
Bancos sociais
Conheça os cursos oferecidos pela Fundação Gaúcha dos Bancos Sociais, da Federação das Indústrias do Rio Grande do Sul (Fiergs), no site bancossociais.org.br. É só clicar em "participe" (na aba verde) e depois em "cursos". Mais informações por e-mail (cursos@bancossociais.org.br) ou pelo telefone (51) 3026-8020.
Centros da Juventude
São seis centros do Programa de Oportunidades e Direitos (POD), do governo do Estado, na periferia da Capital, em Alvorada e Viamão. Todos os detalhes estão no site pod.rs.gov.br. Para saber endereços, contatos e atividades oferecidas, clique em "centros da juventude", na aba superior.
Vida Centro Humanístico
Localizado na zona norte de Porto Alegre, o centro atende moradores da Capital e da Região Metropolitana e é administrado pela FGTAS. Tem diferentes opções de atividades, incluindo cursos gratuitos. A partir de junho, deve receber o SineMóvel (agência itinerante FGTAS/Sine). Informações em fgtas.rs.gov.br/vida-centro-humanistico.
Atendimento psicológico
Agência FGTAS/Sine do centro de Porto Alegre (Rua José Montaury, 31) oferece atendimento psicológico e orientação a trabalhadores de terças a sextas-feiras, das 12h às 17h, sem custos. A orientação da direção é ir pessoalmente à agência para ser atendido.