Em meio a um cenário em que a retomada consistente do mercado de trabalho não está no horizonte, o receio de perder o emprego aumentou no Brasil. O índice cresce mais entre os brasileiros com menor renda e pouca escolarização, segundo os dados divulgados pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) nesta quarta-feira (3).
Em junho, o indicador que mensura o medo do desemprego entre os brasileiros fechou em 59,3 pontos, ante os 57 pontos de junho. Foi a segunda alta consecutiva, depois da maior queda da série, que ocorreu em dezembro de 2018.
No recorte por formação, o índice avançou em todas as faixas, mas a alta foi mais forte entre os brasileiros que estudaram até a 4ª série do ensino fundamental — de 59 para 65,1 pontos— e os que pararam os estudos entre a 5ª e 8ª série — de 58,4 para 62,5 pontos.
Já na avaliação por renda, a apreensão cresceu mais entre a população com até 1 salário mínimo, subindo de 68,1 para 72,8 pontos, e entre aqueles com ganhos familiares entre 1 e 2 salários, avançando de 57,6 para 62,4 pontos.
Os dados da CNI casam com as informações sobre o desemprego divulgadas pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) na sexta-feira (28), segundo o gerente-executivo de política econômica da confederação, Flávio Castelo Branco.
Os números da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio (Pnad) Contínua mostraram recorde tanto na subutilização da força de trabalho, que registrou 28,5 milhões de brasileiros, quanto no número de pessoas trabalhando por conta própria, índice que chegou a 24 milhões.
— Quando as pessoas têm medo do desemprego, elas buscam alternativas para gerar algum tipo de renda, seja por conta própria ou na informalidade, trabalhando um período parcial. Isso mostra um mercado de trabalho mais fragilizado — disse Castelo Branco.
Satisfação
Se no lado do medo do desemprego o índice subiu, na ponta da satisfação com a vida, o movimento foi oposto. Em junho, o indicador fechou em 67,4 pontos, ante 67,9 de abril.
— É quase que um espelho (do índice de medo do desemprego), apesar de a perguntar ser mais ampla, sobre a satisfação da vida em geral, que inclui relação familiar, dia a dia, etc. — avaliou o gerente-executivo.
— Mas, evidentemente, a renda é que vai prover a cerveja do fim de semana, a roda de samba, um cinema ou algum tipo de diversão. Quase sempre precisa ter algum poder de compra para realizar as necessidades, até as de lazer — defendeu Castelo Branco.
Com exceção do Nordeste, todas as outras regiões do país apresentaram algum recuo no índice de satisfação de vida, com destaque para Norte e Centro Oeste, onde a queda foi de 68,7 pontos para 67,3.