Economia

Índice de Desenvolvimento Estadual

Melhora da qualidade de vida no RS depende de avanços em educação, mas pandemia traz desafios

Avaliação é de analistas que participaram de fórum do iRS nesta segunda-feira

Leonardo Vieceli

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Omar Freitas / Agencia RBS
Estado caiu para 16º lugar em educação no iRS

O avanço do Rio Grande do Sul em qualidade de vida, de maneira geral, depende da melhora em uma dimensão específica: educação. É que a área de ensino pode espalhar estímulos por outros campos do desenvolvimento econômico e social, como segurança e mercado de trabalho.

A tarefa, entretanto, não é das mais simples. Não bastassem gargalos vistos nos últimos anos, a pandemia de coronavírus traz desafio adicional para o progresso dentro das salas de aula no Estado.

Os pontos acima foram discutidos na noite desta segunda-feira (26), na Live Fórum iRS: os desafios contemporâneos da educação. A atividade integrou a sétima edição do Índice de Desenvolvimento Estadual — Rio Grande do Sul (iRS).

O evento online contou com a participação dos debatedores Ely José de Mattos, coordenador do iRS e professor da Escola de Negócios da PUCRS, e Gabriel Corrêa, líder de políticas educacionais do movimento Todos Pela Educação. A mediação do encontro foi do jornalista Tulio Milman, do Grupo RBS.

Resultado de parceria entre ZH e PUCRS, o iRS mede a qualidade de vida nas 27 unidades da federação. Para isso, analisa três dimensões: educação, padrão de vida e, reunidas, segurança e longevidade.

Divulgada por GZH no último dia 20, a sétima edição do levantamento mostrou que o ensino é a área em que os gaúchos estão mais distantes do topo nacional. O período de análise é 2018, o intervalo mais recente com dados disponíveis.

À época, o Rio Grande do Sul perdeu duas posições no ranking específico de educação, passando para o 16º lugar. Ou seja, ficou mais uma vez no segundo pelotão do país nessa dimensão.

— A educação tem papel fundamental tanto para padrão de vida quanto para segurança e longevidade. Se o Rio Grande do Sul pretende perseguir os avanços das outras dimensões, a educação também precisa avançar. É constrangedor, quando pegamos o Estado, com seu dinamismo, olhar para os resultados de educação — afirmou Corrêa durante a live nesta segunda-feira.

O especialista ainda sublinhou que a pandemia representa "talvez o maior desafio" que a área de ensino público já tenha enfrentado. Nos últimos meses, a covid-19 paralisou escolas, acentuando "desigualdades" entre os estudantes, acrescentou Corrêa.

— Acesso, trajetória e aprendizagem, um resumo do que é qualidade educacional, vão ser ser muito impactados pelo período que estamos vivendo hoje. Só com resposta muito forte do setor público e envolvimento da sociedade que a gente vai conseguir fazer com que os efeitos, que serão grandes, não prejudiquem por tanto tempo a vida dos alunos — disse.

A escala do iRS varia de zero a um, a exemplo do que ocorre com o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH). Nessa fórmula, quanto maior o resultado, melhor o desempenho de cada região.

Em 2018, o índice gaúcho de educação recuou de 0,588 para 0,585. Significa que o Estado teve média inferior à brasileira. No mesmo período, o indicador do país passou de 0,614 para 0,616.

— O índice, mais do que uma métrica, tem a proposta de provocar o debate. Mais importante do que falar do resultado é fomentar o debate — reforçou Ely.

RS sofre com atraso escolar

A 16ª posição dos gaúchos em educação pode ser explicada, em parte, pela taxa de distorção idade-série no Ensino Médio. Em 2018, essa variável subiu pelo terceiro ano seguido no Estado, de 33,3% para 34,7%.

É a maior da série histórica, com dados desde 2007. Sinaliza que, de cada cem alunos, 34 tinham pelo menos dois anos de atraso escolar.

— Temos uma estrada longa pela frente, que vai carecer de muito investimento —pontuou Ely. — Temos de desmistificar a ideia de que o Brasil gasta muito por aluno. Não é verdade. Precisamos de investimento, de qualificação em política —emendou.

No ranking geral do iRS, que contempla as três dimensões avaliadas, o Estado permaneceu em sexto lugar. É o segundo ano consecutivo sem os gaúchos entre os cinco primeiros colocados.

Na lista específica de segurança e longevidade, o Rio Grande do Sul ganhou duas posições em 2018. Com trégua na taxa de homicídios, o Estado subiu do sétimo para o quinto lugar.

Já em padrão de vida, que analisa variáveis como renda e desigualdade, não houve mudança. Os gaúchos continuaram na quinta colocação no ranking dessa dimensão.

Acesse os dados da pesquisa em site especial

Reprodução / Reprodução

O iRS

Com foco na vida real e formato simplificado, o índice é fruto de parceria entre ZH e PUCRS. O indicador, criado em 2014, aponta o desempenho dos Estados e do Distrito Federal em três dimensões: padrão de vida, educação e, reunidas, segurança e longevidade. 

O iRS tem o mesmo referencial teórico do Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) - lançado em 1990 como complemento a levantamentos que avaliam apenas a dimensão econômica do desenvolvimento. 


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