Em ano de tímido desempenho econômico no país, os gaúchos tiveram redução no indicador de padrão de vida do iRS. Apesar da baixa, o Estado conseguiu se manter, em 2018, no quinto lugar do ranking dessa dimensão, que contempla variáveis de renda, desigualdade e ocupação formal.
Trata-se do nono ano consecutivo com o Rio Grande do Sul na mesma posição. Na comparação com 2017, o índice gaúcho passou de 0,646 para 0,629, baixa de 2,6%.
A queda pega carona no desempenho nacional. No mesmo intervalo, o indicador brasileiro baixou de 0,578 para 0,562, retração de 2,8%.
Assim como no país, o recuo gaúcho reflete a piora na renda da população. Enquanto isso, a variável de ocupação, que mede a inserção no mercado de trabalho, apresentou estabilidade, bem como o índice de desigualdade.
Esse último indicador mede a diferença entre o nível dos ganhos dos mais ricos e o dos mais pobres, sem grande mudança frente a 2017.
Professor da Escola de Negócios da PUCRS, o economista Ely José de Mattos lembra que, em 2018, o Brasil ainda tentava se recuperar da recessão de 2015 e 2016. Ou seja, o desempenho econômico estava distante de deslanchar à época, o que também impactou o Rio Grande do Sul.
A liderança do ranking de padrão de vida está com o Distrito Federal desde o início da série histórica, em 2007. Por lá, o índice apresentou leve redução em 2018, ao passar de 0,867 para 0,866.
Santa Catarina (0,689) aparece no segundo lugar desde 2015. São Paulo (0,669), na terceira posição, completa o trio mais à frente.
A outra ponta do levantamento é preenchida por integrantes da Região Nordeste. O Maranhão é o último colocado desde o começo da série (0,342). O segundo pior desempenho é o do Piauí (0,392).
Em padrão de vida, o melhor resultado gaúcho ocorreu no início da série histórica. Em 2007, o Estado ocupou o quarto lugar. Em 2018, esse posto continuou com o Paraná (0,639). O Estado da Região Sul está na quarta posição desde 2010.
O iRS
Com foco na vida real e formato simplificado, o índice é fruto de parceria entre ZH e PUCRS.
O indicador, criado em 2014, aponta o desempenho dos Estados e do Distrito Federal em três dimensões: padrão de vida, educação e, reunidas, segurança e longevidade.
O iRS tem o mesmo referencial teórico do Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) – lançado em 1990 como complemento a levantamentos que avaliam apenas a dimensão econômica do desenvolvimento.
Perguntas e respostas
Por que criar um indicador?
Não havia um índice reconhecido no país especificamente para avaliar os Estados. O iRS é o primeiro com proposta de atualização anual
Por que as variáveis?
Para refletir qualidade de vida e desenvolvimento humano, a definição da metodologia do iRS leva em conta indicadores que vão além dos estritamente econômicos. Foram escolhidos os mais abrangentes, que impactam maior quantidade de pessoas
O que o diferencia?
- Transparência: todos os dados são oficiais e de fácil acesso. Significa que qualquer pessoa pode conferi-los e que os números têm fontes confiáveis
- Foco na vida real: a meta é traduzir a realidade de quem vive no Estado. A exemplo do Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), o foco é nas pessoas, e não nas instituições ou no poder público
- Fácil compreensão: alguns índices utilizam tantas variáveis que fica difícil entendê-los. O iRS apresenta fórmula simples e foi feito para ser compreendido intuitivamente
Qual é a escala?
Para obter um resultado comparável entre todos os Estados, foi criada uma escala de zero a um, baseada em patamares mínimos aceitáveis e metas de desenvolvimento. Quanto mais perto de um, mais próximo da meta. Quanto mais perto de zero, mais distante dela
Por que os dados são de 2018?
O iRS avança até o ano dos dados mais recentes disponíveis para todas as variáveis. O atraso das estatísticas é um problema comum devido ao tempo de coleta, ao processamento e à divulgação das informações. O iRS busca utilizar as opções mais rápidas para reduzir ao máximo esse tempo