Depois de dois anos consecutivos de quedas, o Rio Grande do Sul permaneceu na sexta posição de ranking que mede a qualidade de vida nos Estados. Em 2018, os gaúchos conseguiram manter a média superior à nacional, mas ainda insuficiente para retomar um lugar entre as cinco primeiras unidades da federação. Houve melhora em variáveis de segurança e longevidade, enquanto o desempenho em educação seguiu como motivo de preocupação.
As conclusões integram a sétima edição do Índice de Desenvolvimento Estadual — Rio Grande do Sul (iRS). Fruto de parceria entre ZH e PUCRS, o estudo avalia o comportamento das unidades da federação e do país em três dimensões. Além de educação e, reunidas, segurança e longevidade, o iRS contempla ainda padrão de vida.
Cada uma é composta por três variáveis. Os dados são os mais recentes à disposição em bases públicas — neste caso, de 2018. Pela segunda vez consecutiva, o Rio Grande do Sul não figura entre os cinco primeiros colocados do ranking geral. A série histórica compila estatísticas desde 2007.
O iRS varia de zero a um, a exemplo do Índice de Desenvolvimento Humano (IDH). Ou seja, quanto maior o indicador, melhor o desempenho de cada região.
Em 2018, o índice geral gaúcho subiu de 0,638 para 0,652 — alta de 2,2%. Na comparação com o ano anterior, a média brasileira também avançou, de 0,604 para 0,617 — elevação de 2,2%.
A alta do Rio Grande do Sul reflete, em parte, o resultado de segurança e longevidade. No ranking específico dessa dimensão, o Estado recuperou duas posições, voltando para o quinto lugar. O alívio ocorreu, principalmente, pela redução na taxa de homicídios em 2018, uma das variáveis analisadas.
Por outro lado, o Rio Grande do Sul perdeu duas colocações no recorte de educação. Assim, caiu do 14º para o 16º posto nessa dimensão. Na prática, significa que os gaúchos estão no segundo pelotão na área de ensino no país, com média inferior à nacional.
Na terceira dimensão pesquisada, padrão de vida, houve estabilidade. Em 2018, o Estado permaneceu no quinto lugar do ranking específico desse grupo, mesmo com queda na renda, outra variável contemplada pelo estudo.
O coordenador do iRS e professor da Escola de Negócios da PUCRS, Ely José de Mattos, considera que o cenário retratado pelos números já era esperado:
– Em 2018, não havia indícios de retomada econômica consistente em curso. O país estava tentando sair da crise anterior, com aperto na renda. No Rio Grande do Sul, houve melhora nos números de segurança e longevidade. Já a educação continuou em uma situação desfavorável.
O Distrito Federal (0,773) seguiu na liderança do ranking geral do iRS. O DF ocupa a primeira colocação desde 2015. Na sequência, São Paulo (0,751), o centro econômico do país, aparece no segundo lugar.
Santa Catarina (0,726) e Paraná (0,672), vizinhos da Região Sul, preenchem o terceiro e o quarto postos. O último Estado à frente dos gaúchos é Minas Gerais (0,655), que está na quinta posição.
Já a ponta inferior do ranking é ocupada por representantes das regiões Nordeste e Norte. Com perda de duas posições em relação a 2017, Sergipe (0,313) caiu para o 27º lugar. O Pará (0,323) está em 26º, depois de ganhar uma colocação em 2018.
O iRS
Com foco na vida real e formato simplificado, o índice é fruto de parceria entre ZH e PUCRS.
O indicador, criado em 2014, aponta o desempenho dos Estados e do Distrito Federal em três dimensões: padrão de vida, educação e, reunidas, segurança e longevidade.
O iRS tem o mesmo referencial teórico do Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) — lançado em 1990 como complemento a levantamentos que avaliam apenas a dimensão econômica do desenvolvimento.
Perguntas e respostas
Por que criar um indicador?
Não havia um índice reconhecido no país especificamente para avaliar os Estados. O iRS é o primeiro com proposta de atualização anual
Por que as variáveis?
Para refletir qualidade de vida e desenvolvimento humano, a definição da metodologia do iRS leva em conta indicadores que vão além dos estritamente econômicos. Foram escolhidos os mais abrangentes, que impactam maior quantidade de pessoas
O que o diferencia?
- Transparência: todos os dados são oficiais e de fácil acesso. Significa que qualquer pessoa pode conferi-los e que os números têm fontes confiáveis
- Foco na vida real: a meta é traduzir a realidade de quem vive no Estado. A exemplo do Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), o foco é nas pessoas, e não nas instituições ou no poder público
- Fácil compreensão: alguns índices utilizam tantas variáveis que fica difícil entendê-los. O iRS apresenta fórmula simples e foi feito para ser compreendido intuitivamente
Qual é a escala?
Para obter um resultado comparável entre todos os Estados, foi criada uma escala de zero a um, baseada em patamares mínimos aceitáveis e metas de desenvolvimento. Quanto mais perto de um, mais próximo da meta. Quanto mais perto de zero, mais distante dela
Por que os dados são de 2018?
O iRS avança até o ano dos dados mais recentes disponíveis para todas as variáveis. O atraso das estatísticas é um problema comum devido ao tempo de coleta, ao processamento e à divulgação das informações. O iRS busca utilizar as opções mais rápidas para reduzir ao máximo esse tempo