Pela segunda vez consecutiva, os gaúchos amargaram perda de posição em ranking que mede a qualidade de vida nos Estados brasileiros. Em 2017, o Rio Grande do Sul foi ultrapassado por Minas Gerais e caiu do quinto para o sexto lugar na lista de 27 unidades da federação. A baixa reflete a piora em variáveis das áreas de educação e segurança.
As conclusões integram a sexta edição do Índice de Desenvolvimento Estadual – Rio Grande do Sul (iRS). Fruto de parceria entre Zero Hora e PUCRS, o estudo avalia o desempenho das unidades da federação e do país em três dimensões: padrão de vida, educação e, reunidas, segurança e longevidade.
Cada um dos grupos é composto por três variáveis. Os dados são os mais recentes à disposição em bases públicas – neste caso, de 2017. Pela primeira vez na série histórica, que contempla estatísticas desde 2007, o Rio Grande do Sul não figura entre os primeiros cinco colocados do índice. De acordo com o levantamento, o Estado perdeu posições em duas das três dimensões observadas.
Em educação, área em que está mais distante do topo, o Rio Grande do Sul caiu do 11º para o 14º lugar, com média inferior à nacional. Em segurança e longevidade, passou do quinto para o sétimo posto.
— Era esperado que perdesse mais uma posição no ranking geral devido à tendência das dimensões acompanhadas pelo levantamento. Nas últimas edições da pesquisa, educação e, reunidas, segurança e longevidade vêm puxando para baixo o desempenho gaúcho. Houve nova piora nessas áreas — pontua o coordenador do estudo, Ely José de Mattos, economista e professor da Escola de Negócios da PUCRS.
Em padrão de vida, o Rio Grande do Sul manteve-se no quinto lugar. Os gaúchos ocupam esse posto desde 2010. O iRS varia entre zero e um, assim como o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH). Quanto maior o índice, melhor o desempenho.
Em 2017, o indicador geral do Estado até subiu, mas em ritmo menor do que o verificado em locais como Minas Gerais. Na comparação com 2016, o índice do Rio Grande do Sul avançou de 0,630 para 0,638. No mesmo período, o mineiro pulou de 0,619 para 0,642.
— Mais do que olhar apenas o resultado gaúcho, é preciso analisar os movimentos dos demais Estados. O índice do Rio Grande do Sul subiu, mas com taxa menor. Por isso, perdeu posição para Minas Gerais — aponta Ely.
A liderança do ranking seguiu com o Distrito Federal, onde o indicador alcançou 0,760. São Paulo permaneceu no segundo lugar, com a marca de 0,754. Santa Catarina (0,704) preencheu o pódio, com Paraná (0,667) na sequência. Ou seja, o desempenho gaúcho é o menor da Região Sul.
Embora tenha recuado no ranking, o Estado continuou com média acima da brasileira no índice geral. Na passagem de 2016 para 2017, o desempenho nacional subiu de 0,590 para 0,604.
A ponta de baixo da lista das unidades da federação é ocupada por representantes das regiões Norte e Nordeste. Pelo segundo ano consecutivo, o Pará ficou na 27ª posição, com o menor índice (0,322). O 26º lugar foi preenchido por Alagoas (0,329).
No próximo dia 21, as conclusões do iRS serão debatidas em fórum na PUCRS, em Porto Alegre. O evento será aberto ao público, a partir das 9h30min.
O iRS
Com foco na vida real e formato simplificado, o índice é fruto de parceria entre Zero Hora e PUCRS. O indicador, criado em 2014, aponta o desempenho dos Estados e do Distrito Federal em três dimensões: padrão de vida, educação e, reunidas, segurança e longevidade.
O iRS tem o mesmo referencial teórico do Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) – lançado em 1990 como complemento a levantamentos que avaliam apenas a dimensão econômica do desenvolvimento.
Perguntas e respostas
Por que criar um indicador?
Não havia um índice reconhecido no país especificamente para avaliar os Estados. O iRS é o primeiro com proposta de atualização anual.
Por que as variáveis?
Para refletir qualidade de vida e desenvolvimento humano, a definição da metodologia do iRS leva em conta indicadores que vão além dos estritamente econômicos. Foram escolhidos os mais abrangentes, que impactam maior quantidade de pessoas.
O que o diferencia?
Transparência: todos os dados são oficiais e de fácil acesso. Significa que qualquer pessoa pode conferi-los e que os números têm fontes confiáveis.
Foco na vida real: a meta é traduzir a realidade de quem vive no Estado. A exemplo do Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), o foco é nas pessoas, e não nas instituições ou no poder público.
Fácil compreensão: alguns índices utilizam tantas variáveis que fica difícil entendê-los. O iRS apresenta fórmula simples e foi feito para ser compreendido intuitivamente.
Qual é a escala?
Para obter um resultado comparável entre todos os Estados, foi criada uma escala de zero a um, baseada em patamares mínimos aceitáveis e metas de desenvolvimento. Quanto mais perto de um, mais próximo da meta. Quanto mais perto de zero, mais distante dela.
Por que os dados são de 2017?
O iRS avança até o ano dos dados mais recentes disponíveis para todas as variáveis. O atraso das estatísticas é um problema comum devido ao tempo de coleta, ao processamento e à divulgação das informações. O iRS busca utilizar as opções mais rápidas para reduzir ao máximo esse tempo.