Os dados do mais recente levantamento do Índice de Desenvolvimento Estadual – RS (iRS) expõem uma erosão na qualidade da educação pública no Estado que pode cobrar uma conta pesada no futuro. Um novo passo atrás colocou o Rio Grande do Sul no segundo grupo das unidades da federação.
Em vez de estar na mesma turma de São Paulo e Minas Gerais, a 14ª posição dos gaúchos leva ao bloco de Roraima (12ª), Tocantins (13ª) e Pernambuco (15ª) no que diz respeito à excelência do ensino. Se a comparação é triste em relação ao passado de façanhas nessa área, torna-se atemorizadora na projeção do futuro.
Sempre que um novo negócio se instala no Rio Grande do Sul, os investidores destacam, entre os motivos para a escolha, a qualidade da mão de obra local, a excelência das universidades e o hub de ensino e pesquisa da Região Metropolitana de Porto Alegre, além de ilhas de excelência no Interior, como Pelotas e Santa Maria.
O levantamento que sustenta o iRS se foca nas séries fundamentais, não inclui variáveis de nível universitário. A questão que se impõe, portanto, é com que base os alunos que deixarem as escolas básicas poderão disputar vagas nas universidades de alto padrão — ao menos enquanto esse patamar for mantido, dado o aperto no orçamento federal.
Há pouco, o governo gaúcho tomou uma boa decisão: o resultado dos alunos da rede municipal no Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) e no Sistema de Avaliação do Rendimento Escolar do RS (Saers) será usado para distribuir uma parte do ICMS às prefeituras. O desempenho nas escolas estaduais precisa de incentivo de mesmo tipo. Se a boa educação foi importante no passado e segue assim no presente, será crucial no futuro de trabalho criativo e de mercado exigente. Dominar o conhecimento será a maior demanda das próximas décadas. Precisamos reverter esse indicador com urgência.