Pelo oitavo ano consecutivo, o Rio Grande do Sul ficou em quinto lugar no ranking de padrão de vida do iRS, que contempla variáveis de renda, desigualdade e ocupação formal. De 2016 para 2017, o índice gaúcho nessa dimensão avançou de 0,607 para 0,646. A marca é a maior desde 2014, quando havia sido de 0,648.
Mesmo com o resultado, o Estado não conseguiu ganhar posições no ranking porque o movimento de alta foi disseminado no país. Das 27 unidades da federação, 25 apresentaram expansão no índice de padrão de vida. As exceções foram Amapá e Distrito Federal.
Assim como a maioria do país, o Rio Grande do Sul teve melhora em renda, beneficiada pela redução em série de itens que compõem a cesta básica calculada pelo Dieese, referência para o iRS. Isso significa que o poder de compra da população aumentou.
– As pessoas conseguiram consumir mais com a queda no preço de alguns alimentos. Isso foi positivo – sublinha o coordenador do iRS, Ely José de Mattos, economista e professor da Escola de Negócios da PUCRS.
O indicador de desigualdade também apresentou leve melhora, sinalizando que a diferença entre os mais ricos e os mais pobres diminuiu marginalmente no Estado. Enquanto isso, a variável de ocupação formal apresentou tímida redução, o que indica piora na geração de vagas de trabalho com carteira assinada.
Apesar do avanço no índice de padrão de vida, o Rio Grande do Sul segue com a marca mais baixa da Região Sul. Santa Catarina (0,706) está no segundo lugar no ranking nacional, e Paraná (0,659), no quarto. A liderança é do Distrito Federal (0,867) desde o início da série histórica, em 2007.
A outra ponta é preenchida por representantes da Região Nordeste. Maranhão (0,339) está na 27ª posição desde o começo do levantamento. Alagoas (0,399) ocupa o 26º lugar, e Piauí (0,405), o 25º.
A média nacional em padrão de vida subiu de 0,546 para 0,578 de 2016 para 2017. Ou seja, está abaixo do indicador registrado no Rio Grande do Sul. A marca brasileira é a maior desde 2014, quando estava em 0,592. Na época, o país já sentia os primeiros sinais da crise econômica que ganharia força nos anos seguintes.
O iRS
Com foco na vida real e formato simplificado, o índice é fruto de parceria entre Zero Hora e PUCRS. O indicador, criado em 2014, aponta o desempenho dos Estados e do Distrito Federal em três dimensões: padrão de vida, educação e, reunidas, segurança e longevidade.
O iRS tem o mesmo referencial teórico do Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) – lançado em 1990 como complemento a levantamentos que avaliam apenas a dimensão econômica do desenvolvimento.
Perguntas e respostas
Por que criar um indicador?
Não havia um índice reconhecido no país especificamente para avaliar os Estados. O iRS é o primeiro com proposta de atualização anual.
Por que as variáveis? Para refletir qualidade de vida e desenvolvimento humano, a definição da metodologia do iRS leva em conta indicadores que vão além dos estritamente econômicos. Foram escolhidos os mais abrangentes, que impactam maior quantidade de pessoas.
O que o diferencia?
Transparência: todos os dados são oficiais e de fácil acesso. Significa que qualquer pessoa pode conferi-los e que os números têm fontes confiáveis.
Foco na vida real: a meta é traduzir a realidade de quem vive no Estado. A exemplo do Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), o foco é nas pessoas, e não nas instituições ou no poder público.
Fácil compreensão: alguns índices utilizam tantas variáveis que fica difícil entendê-los. O iRS apresenta fórmula simples e foi feito para ser compreendido intuitivamente.
Qual é a escala?
Para obter um resultado comparável entre todos os Estados, foi criada uma escala de zero a um, baseada em patamares mínimos aceitáveis e metas de desenvolvimento. Quanto mais perto de um, mais próximo da meta. Quanto mais perto de zero, mais distante dela.
Por que os dados são de 2017?
O iRS avança até o ano dos dados mais recentes disponíveis para todas as variáveis. O atraso das estatísticas é um problema comum devido ao tempo de coleta, ao processamento e à divulgação das informações. O iRS busca utilizar as opções mais rápidas para reduzir ao máximo esse tempo.