Os preços dos alimentos estão caindo há meses e não apenas no índice oficial de inflação. O comportamento aparece também na tradicional pesquisa da cesta básica feita mensalmente pelo Dieese, entidade conhecida pelo apoio aos trabalhadores.
Em setembro, o conjunto de 13 produtos pesquisados custou R$ 436,68. É o menor preço encontrado desde fevereiro, quando houve uma queda significativa, mas depois aumentou. Antes disso, o valor mais baixo registrado é de fevereiro de 2016, quando a cesta custou R$ 426,93.
— Boa oferta de alimentos ajudada pelo clima tem garantido o abastecimento e mantido os preços em baixa. É uma boa notícia principalmente para a população de menor renda já que o peso da alimentação no orçamento dessas famílias é proporcionalmente maior — comenta a técnica do Dieese em Porto Alegre, Daniela Sandi.
O Dieese também calcula sempre o comprometimento do salário mínimo para compra da cesta básica. No mês passado, foi 50,66%. Em setembro do ano passado, atingiu 59%. Os preços dos alimentos caíram e o mínimo nacional teve a reposição da inflação de 6,47% em janeiro.
Muitos, no entanto, questionam quando a coluna noticia queda nos preços dos alimentos e a deflação que foi registrada nos últimos meses. Até mesmo o Dieese tem sido criticado pelos trabalhadores, inclusive durante as negociações salariais das categorias que estão ficando com reajustes entre 2% e 3% por se basearem no INPC, índice de inflação para famílias de menor renda.
— Uma das coisas que provoca essa incredulidade sobre a inflação é que os salários no Brasil ainda são muito baixos em comparação com os países desenvolvidos. O salário mínimo necessário deveria ser de R$ 3.668,55, ou seja, 3,92 vezes o mínimo de R$ 937 — afirma Daniela, do Dieese.
Alguns pontos importantes sobre a inflação ressaltados pelo Dieese:
* A inflação é calculada a partir da média dos padrões de consumo de diversas famílias. Nem todas as famílias se encaixam nessa estrutura de consumo, pois cada uma tem sua estrutura de gastos, ou seja, a sua inflação individual.
* Índices de inflação não medem, por exemplo, as despesas com as taxas de juros de cartão de crédito e financiamento.
* Inflação é a variação de preço, o que não é a mesma coisa que custo de vida. Os preços podem não variar e o custo de vida, mesmo assim, ser elevado.