O desempenho da economia brasileira no terceiro trimestre, divulgado nesta terça-feira (3) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), reforça a projeção de que o Brasil deve terminar 2019 com crescimento próximo de 1%. A expectativa converge com o resultado do PIB acumulado entre janeiro e setembro deste ano frente a igual período de 2018 e a soma dos últimos quatro trimestres, que apresenta expansão de 1% nas duas variáveis.
Economista do Instituto Brasileiro de Economia (IBRE) da Fundação Getulio Vargas (FGV), Cláudio Considera afirma que a incerteza sobre a condução de reformas estruturais no início do ano pesou para que a recuperação econômica evoluísse de forma lenta e gradual em 2019. Segundo o IBRE, o PIB brasileiro deve crescer 1,1% em 2019 e 2% em 2020.
— Ao se abordar a reforma da Previdência e encaminhar outras reformas de forma progressiva, a tendência é de que melhore a eficiência tributária, administrativa e a economia em geral — analisa.
Considera afirma que o avanço dos investimentos privados (formação bruta de capital fixo), de 2% no terceiro trimestre e 3,1% no acumulado do ano, é alentador. Na avaliação do economista, isso indica que o empresariado vem investindo em máquinas e equipamentos, aumentando a capacidade produtiva à espera de uma retomada mais consistente da economia a partir do próximo ano.
No quarto — e último — trimestre de 2019, a liberação dos saques de contas do FGTS e o pagamento do 13º salário aos trabalhadores tendem a dar fôlego ao comércio e deve repercutir no desempenho do setor de serviços, responsável por mais de 60% do PIB nacional. Ainda que o acesso ao dinheiro guardado no Fundo tenha começado em setembro, o impacto da medida ainda não se refletiu no PIB do trimestre passado, segundo a economista-chefe da Fecomércio-RS, Patrícia Palermo.
— O consumo das famílias ganhou fôlego no terceiro trimestre e isso deve continuar, alimentado pelos saques do FGTS. Ainda temos o 13º salário no último trimestre. Esses fatores tendem a gerar impulso principalmente nas atividades ligadas ao comércio — constata.
A longo prazo, Patrícia salienta que o país precisa criar condições para que a produção siga aumentando e consolide a expansão do PIB. Em meio à possível imposição de restrições por parte de parceiros externos, caso dos Estados Unidos, a economista acredita que a demanda interna desempenhará um papel importante no desempenho do Brasil.