Pelo segundo trimestre consecutivo, o Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil cresceu. De acordo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a economia avançou 0,6% entre julho e setembro de 2019 frente aos três meses imediatamente anteriores e soma de todas as riquezas produzidas atingiu R$ 1,842 trilhão. A taxa ainda está 3,6% abaixo do auge da série do IBGE, registrado no primeiro trimestre de 2014, mas fica 4,9% acima do ponto mais baixo, verificado no quarto trimestre de 2016.
Entre julho e setembro, os três setores do lado da oferta apresentaram desempenho positivo. A agropecuária foi o segmento com maior alta, de 1,3% no período. O economista-chefe da Federação da Agricultura no Rio Grande do Sul (Farsul) destaca que o resultado foi influenciado principalmente pelo desempenho do setor de carnes, que viu a demanda externa crescer substancialmente no período, com os embarques do produto para a China batendo recordes. Em relação ao terceiro trimestre de 2018, a expansão da atividade primária atingiu 2,1%.
— O setor de carnes teve aumento forte na produção e a demanda interna, que passou anos caindo, vem aumentando. Também tivemos a safrinha do milho, que ajudou no resultado — argumenta Luz.
O protagonista da expansão no trimestre passado, no entanto, foi o setor de serviços. Responsável por 62% do PIB, a atividade detém o maior peso dentro da economia nacional e registrou expansão de 0,4%. A economista-chefe da Federação do Comércio de Bens e Serviços do Estado (Fecomércio-RS), Patrícia Palermo, explica que o desempenho está atrelado ao aumento de 0,8% no consumo das famílias.
— O crescimento do consumo das famílias está refletindo a expansão da renda dos trabalhadores e o aumento do número de empregos, ainda que essa evolução seja modesta — avalia Patrícia.
No trimestre, o setor de serviços foi puxado pelos ramos de seguros, informação e comunicação e pelo comércio, que cresceram 1,2%, 1,1% e 1,1%, respectivamente. Por outro lado, apresentaram retração os serviços públicos (-0,6%) e o nicho de transportes, armazenagem e correios (-0,1%). Frente a igual período de 2018, serviços apuraram incremento de 1%.
Já a indústria engatou expansão de 0,8% no terceiro trimestre, segundo o IBGE. Ainda assim, o economista do Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi), Rafael Cagnin, salienta que o resultado precisa ser visto com cautela. Ele enfatiza que a expansão foi liderada pelo extrativismo, que subiu 12% a reboque da maior extração de petróleo e da baixa base de comparação em decorrência do rompimento de barragens em Brumadinho, no início do ano. Na contramão, a indústria de transformação acumulou retração de 1%.
— A queda na indústria de transformação é um fator preocupante, pois é um dos setores que mais tem ramificações e tende a puxar outras atividades de serviços e dentro da própria indústria — aponta.
Para Cagnin, o principal ponto positivo na indústria fica por conta da construção civil, que teve seu segundo trimestre no azul após 20 períodos consecutivos de queda. A atividade fechou o trimestre com alta de 1,3%. No geral, a indústria teve alta de 1% frente a igual período de 2018.