Mesmo com a notícia de um crescimento de 0,6% no terceiro trimestre, acima do esperado, tem uma variável que a coluna sempre prende o olho na divulgação do PIB brasileiro: a Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF). Até porque ela aponta tendência, enquanto as demais apontam resultados passados. Pois ela avançou 2% no terceiro trimestre de 2019, seu oitavo resultado positivo após 14 trimestres de recuo.
Mas o que é esse indicador, afinal? A Formação Bruta de Capital Fixo mede o quanto as empresas aumentaram os seus bens de capital, ou seja, aqueles bens que servem para produzir outros bens. São basicamente máquinas, equipamentos e material de construção. A sua importância está no fato de indicar se a capacidade de produção do país está crescendo e também se os empresários estão confiantes no futuro. Por isso que é um indicador de tendência, o que é importante para qualquer um que trabalhe com projeções e planejamentos.
O aumento da FBCF em relação ao terceiro trimestre de 2018 foi de 2,9%, puxado pela construção e pela produção de bens de capital. São boas notícias, considerando que a construção sofreu por demais com a crise, é grande setor gerador de empregos e depende bastante de confiança de longo prazo. Bens de capital também merecem destaque, já que são itens comprados pelas empresas para ampliarem e modernizarem seus negócios.
— Na ótica da demanda, os investimentos vêm crescendo, puxado pela construção, que havia caído 20 trimestres consecutivos e desde o trimestre anterior mostra recuperação, quando comparado a igual período de 2018 — complementa a coordenadora de Conta Nacionais do IBGE, Rebeca Palis.
Economista da gestora de fundos Quantitas, João Fernandes também destaca o crescimento da construção dentro do indicador de investimento:
— Aa construção civil segue sendo o destaque positivo. Voltou a crescer no terceiro trimestre, ainda que em um ritmo um pouco menor do que no segundo trimestre. Mas mantém a tendência de recuperação, algo muito relevante dada a importância do setor para o investimento. Em termos de crescimento sobre o mesmo trimestre de 2018, a tendência continua sendo de aceleração acentuada.
No acumulado de 12 meses, a Formação Bruta de Capital Fixo cresceu 3%. Foi o sexto crescimento consecutivo.
Destaque para o setor de serviços
Em tempo, o setor de serviços ter sido o principal impulso para o crescimento do PIB também é uma boa notícia. Mesmo com um crescimento de 0,4% contra o de 1,2% da agropecuária, ele pesa mais na economia e, portanto, no cálculo do PIB, recebendo o destaque do IBGE. É um grande gerador de empregos, relefinto movimentações e apostas na retomada da indústria e também nos resultados da agropecuária.
Colunista Giane Guerra (giane.guerra@rdgaucha.com.br)
Colaborou Daniel Giussani (daniel.giussani@zerohora.com.br)
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