O presidente do Banco Central (BC), Gabriel Galípolo, identificou a alta do dólar e a percepção negativa sobre o cenário fiscal como os principais fatores para o estouro da meta de inflação em 2024. O índice alcançou 4,83%, superando o limite máximo estabelecido pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), que era de 4,5%.
A meta inicial era de 3%, com um intervalo de tolerância de 1,5% a 4,5%. Esse resultado reflete o impacto de diversos fatores, incluindo o crescimento econômico robusto e eventos climáticos adversos, segundo o presidente do BC.
Em uma carta aberta ao ministro da Fazenda, Fernando Haddad, Galípolo detalhou as causas do desvio da inflação da meta. Ele destacou a depreciação cambial como um fator crucial, contribuindo com 1,21 pontos percentuais para o aumento da inflação.
A inflação importada, a inércia do ano anterior, o hiato do produto e as expectativas de inflação foram identificados como os principais contribuintes para o desvio de 1,83 pontos percentuais, conforme informações do g1.
A variação da taxa de câmbio, que subiu de R$ 4,95 para R$ 5,84 entre o último trimestre de 2023 e o mesmo período em 2024, foi um dos fatores domésticos apontados por Galípolo. Essa mudança, de 18,0%, teve um impacto significativo nos preços de ativos e nas expectativas de inflação.
Eventos climáticos adversos, como a seca que afetou a produção de alimentos e as enchentes no Rio Grande do Sul, também influenciaram os preços ao consumidor. Apesar de alguns efeitos terem sido revertidos, o impacto nos preços de alimentos como carnes, leite, café e laranja foi notável.
Para combater a inflação, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central elevou a taxa Selic de 11,25% para 12,25% ao ano em dezembro, com expectativa de novos aumentos. Galípolo reforçou que o BC está comprometido em assegurar a convergência da inflação à meta de 3%, válida desde 1º de janeiro de 2025.