O preço dos imóveis residenciais à venda em Porto Alegre registrou crescimento de 6,44% ao longo de 2024, demonstra o Índice FipeZAP, referência no mercado imobiliário. Apesar de ficar acima do IPCA acumulado do último ano, que foi 4,83%, o aumento foi inferior à variação positiva dos preços na média nacional, de 7,73%, fazendo da variação positiva em Porto Alegre a quinta menor entre as 22 capitais estaduais do país pesquisadas no estudo.
Conforme o Índice FipeZAP, que ao todo pesquisa 56 cidades brasileiras, a capital estadual que teve o maior aumento no preço dos imóveis residenciais à venda em 2024 foi Curitiba, com 18%, seguida por Salvador, com 16,38%, e João Pessoa, com 15,54%. Abaixo de Porto Alegre, ficaram Campo Grande, com 4,08%, Brasília, com 3,71%, Rio de Janeiro, com 3,13%, e Teresina, com 2,80% (veja a lista completa abaixo).
— O índice nacional como um todo teve um crescimento significativo, sendo o maior desde 2013. Porto Alegre também teve crescimento, de 6,44%, mas que foi mais comedido em razão de fatores como a enchente, por exemplo, que teve um impacto generalizado na cidade, mas principalmente nas áreas inundadas. Isso acarretou uma diminuição no preço dos imóveis ali localizados que não foi compensada pelo menor aumento no preço dos imóveis de áreas que foram poupadas pela cheia — destaca Marco Aurélio Stumpf Gonzalez, professor dos cursos de Engenharia Civil e Arquitetura e Urbanismo na Unisinos, pesquisador e especialista em mercado imobiliário.
Na avaliação de Matheus Kurtz, diretor de vendas e franquias da imobiliária Auxiliadora Predial, a valorização imobiliária abaixo da média nacional em Porto Alegre pode ser explicada também pelo desequilíbrio entre oferta e demanda.
— O elevado estoque de imóveis usados e o tempo médio de venda superior ao de capitais como Curitiba e Salvador reduziram a pressão por aumento de preços, mesmo com uma demanda ativa — diz Kurtz.
O crescimento de 6,44% no preço dos imóveis à venda em Porto Alegre, segundo o Índice FipeZAP, é o maior desde 2013, primeiro ano da série histórica, quando o aumento foi de 14,01%. O dado vem apresentando crescimento contínuo na Capital desde 2019, com variação positiva anual de 0,12%, 2,59%, 5,54%, 2,42% e 2,20% a partir daquele ano, até chegar aos 6,44% de 2024.
A variação dos preços dos imóveis em Porto Alegre no mês de dezembro, em relação a novembro, foi de 0,50%, ante 0,66% na média nacional. O preço médio do metro quadrado na Capital foi, em dezembro, de R$ 7.111 — abaixo dos R$ 9.366 da média dos 56 municípios presentes no levantamento.
Bairros mais valorizados
Entre os bairros de Porto Alegre, o que teve a maior valorização no preço dos seus imóveis à venda em 2024 foi o Rio Branco, com crescimento de 21,8%. O preço médio do metro quadrado no bairro também é o mais alto da Capital, avaliado em R$ 10.537.
Após o Rio Branco, vem o bairro Montserrat, com variação positiva de 8,7% e preço médio do metro quadrado em R$ 10.204. Na sequência, vêm os bairros Bela Vista, com valorização de 7,7% e metro quadrado avaliado em R$ 9.878; Moinhos de Vento, com valorização de R$ 3,9% e preço do metro quadrado em R$ 9.839; e Petrópolis, com valorização de 10,9% e com o metro quadrado avaliado em R$ 9.538.
O Centro Histórico foi uma das regiões da Capital mais atingidas pela enchente de maio passado. No bairro, os imóveis valorizaram apenas 2,3% em 2024, com o metro quadrado médio avaliado em R$ 5.185.
— Essas regiões mais nobres da cidade, as que não alagaram e que se localizam em regiões mais altas e distantes do Guaíba, tendem a ter maior valorização anual, principalmente após a enchente. Enquanto a enchente ainda for uma memória viva na população, os imóveis dos bairros atingidos serão menos valorizados, mas isso poderá mudar se as obras de reforço no sistema contra cheias da Capital se mostrarem de fato efetivas — analisa Moacyr Schukster, presidente do Sindicato das Empresas de Compra, Venda, Locação e Administração de Imóveis (Secovi-RS).