A tentativa de aproveitar as paisagens e o patrimônio histórico gaúcho para fortalecer o turismo recebe elogios devido à possibilidade de ganhos econômicos. A questão que intriga analistas e empresários é como resolver dificuldades de infraestrutura que prejudicam o desembarque de visitantes em busca de lazer no Estado.
O turismo de negócios segue como o carro-chefe na área, aponta pesquisa da Federação do Comércio de Bens e de Serviços do Rio Grande do Sul (Fecomércio-RS). Produzido entre junho e julho, o estudo ouviu 385 estabelecimentos hoteleiros. Segundo o levantamento, os negócios motivam 72,2% das hospedagens no Estado, enquanto o turismo de lazer responde por 26,8% das estadias.
– O ramo corporativo é mais estável. Os hóspedes costumam vir com frequência maior. Mas é lógico que não podemos perder o turismo de lazer. Para isso, é necessário investimento durante tempo mais longo. As prefeituras e as comunidades locais podem ajudar a desenvolver o setor – sublinha o presidente do Sindicato dos Meios de Hospedagem do Rio Grande do Sul (Sindihotel), Manuel Suárez.
Hoje, o turismo de lazer demonstra força em Gramado, referência nacional na área, e no Vale dos Vinhedos, ambos na Serra. O Litoral ganha fôlego durante o verão. Segundo analistas, pontos como os cânions dos Aparados da Serra, por causa da beleza natural, e a região das Missões Jesuíticas, com atrativos históricos, são capazes de ampliar a capacidade turística do Estado.
– Há potencial para o Rio Grande do Sul ir além de Gramado e Canela nessa área. A questão é que, em muitos casos, as condições de infraestrutura são precárias. Algumas cidades ficam longe dos maiores centros, é uma demora para chegar até lá. Talvez com mais voos as pessoas comecem a viajar mais – menciona o economista Adelar Fochezatto, professor da PUCRS.
O governo do Estado tem programa de incentivo à aviação regional. Por meio da iniciativa, o Piratini abre mão de recolher impostos sobre o querosene usado por aeronaves para atrair investimentos privados. Em julho, a Gol Linhas Aéreas confirmou seis novos voos partindo da Capital em direção ao Interior.
– O transporte aéreo não é mais de elite. Qualquer governo que não inclua como meta o aumento no número de voos vai gerar menos interesse turístico. O sujeito não quer ficar sete ou oito horas andando de carro para fazer turismo – comenta o deputado estadual Frederico Antunes (PP), que preside a Frente Parlamentar da Aviação Civil Regional.
Secretário estadual de Desenvolvimento Econômico e Turismo, Ruy Irigaray relata que busca discutir com o governo federal medidas que podem beneficiar a área. Além disso, avalia que bancos de fomento, como Badesul e BRDE, têm condições de auxiliar no financiamento de projetos.
– A única forma de conseguirmos viabilizar a estrutura necessária é trabalhar junto ao governo federal e às prefeituras. Mas sabemos que os resultados levam tempo para aparecer – afirma Irigaray.
O secretário acrescenta que, entre as iniciativas de turismo desenvolvidas recentemente no Rio Grande do Sul, estiveram passeios experimentais de trens nas regiões de Vacaria, Guaporé e Santo Ângelo, entre agosto e setembro. As atrações foram promovidas por entidades locais e pela Associação Brasileira de Preservação Ferroviária (ABPF).
Outro projeto turístico que chama atenção no Estado é o de um parque de águas termais em Santana do Livramento, na Campanha. Batizado de Amsterland, o complexo teve parte de suas instalações inaugurada em julho. A área coberta já em operação, de 4,2 mil metros quadrados, abriga piscinas em que a temperatura da água beira os 40°C.
CEO do Amsterland, João Gabriel Hillal conta que, até o momento, o investimento no parque chegou a R$ 12 milhões. Até o final do ano, cerca de R$ 4 milhões adicionais devem ser aportados para a conclusão do empreendimento.
– Buscamos trazer turismo que seja economicamente sustentável à região. Hoje, a cidade tem uma dependência muito grande de quem visita os free shops de Rivera, no Uruguai. A ideia é ter uma opção de lazer aqui – diz Hillal.