Mais do que ajudar a modernizar a economia gaúcha, o estímulo à inovação pode evitar a fuga de jovens talentos do Estado, dizem especialistas. Na comparação com outras regiões do país, os gaúchos têm uma vantagem: a rede de universidades e parques tecnológicos vinculados a instituições de ensino.
O potencial do Rio Grande do Sul na área pode ser ilustrado em números. Segundo dados compilados até 18 de setembro, o Estado concentrava 971 startups, terceira maior marca do país. Nesse quesito, os gaúchos só ficam atrás de São Paulo (3,7 mil) e Minas Gerais (1,1 mil). As estatísticas integram pesquisa da Associação Brasileira de Startups (Abstartups).
– O ambiente das faculdades é um dos diferenciais do Rio Grande do Sul, que tem potencial para formar empreendedores. Os centros de inovação, representados pelos parques tecnológicos, geram uma oportunidade bárbara – salienta Ronald Krummenauer, CEO do Transforma RS, movimento de entidades empresariais que busca discutir com o governo estadual temas relacionados ao desenvolvimento gaúcho.
Recentes iniciativas que indicam preocupação em modernizar o ambiente de negócios têm chamado atenção de especialistas. Na Capital, Unisinos, PUCRS e UFRGS uniram-se, em 2018, à prefeitura e a entidades da sociedade civil por meio do movimento Aliança para Inovação, que busca evitar a fuga de talentos do município. Em seguida, a aproximação deu origem ao Pacto Alegre, que formalizou metas para tornar Porto Alegre uma referência em inovação no país.
Na Serra, há iniciativa similar. No ano passado, empresas, entidades representativas, poder público e instituições de ensino criaram o movimento Hélice. A intenção é compartilhar esforços para o desenvolvimento de práticas inovadoras na região.
– O Rio Grande do Sul tem potencial na área. A aliança entre universidades é um sintoma de que tem gente preocupada com inovação. Esses movimentos dependem do apoio do poder público, que tem o papel de ser um facilitador – analisa o economista Ely José de Mattos, professor da PUCRS.
Para Ely, um dos nichos com capacidade de crescimento em inovação, especialmente em Porto Alegre, é o da saúde. Segundo o economista, o potencial decorre do fato de a Capital ser um polo nessa área, reunindo hospitais de referência.
Secretário estadual de Inovação, Ciência e Tecnologia, Luís Lamb acrescenta que o Rio Grande do Sul também pode avançar em setores como o de desenvolvimento de softwares, já que concentra empresas que atuam nesse segmento. Apesar de demonstrar otimismo com o assunto, Lamb reforça que o Estado tem de superar desafios:
– A sociedade precisa enxergar que áreas como computação e robótica podem alavancar o Rio Grande do Sul. Nosso modelo de crescimento pode ser acelerado. As principais empresas do mundo são de tecnologia e inovação.