A greve dos caminhoneiros diminuiu a velocidade de negócios em diferentes áreas da economia nacional no segundo trimestre deste ano. Entre os setores produtivos, a indústria foi o mais afetado, conforme o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Em relação ao primeiro trimestre, a redução na atividade nas fábricas atingiu 0,6%. Apesar do recuo, o segmento ainda registrou alta de 1,2% frente ao período de abril a junho de 2017.
Entre os segmentos industriais, os mais abalados no segundo trimestre foram o de transformação e o da construção civil. Ambos caíram 0,8% frente ao período de janeiro a março. A queda foi a segunda consecutiva nas duas áreas.
– A construção ainda não saiu da crise. O ramo pesado do segmento foi impactado por investigações de esquemas de corrupção. Além disso, também há dificuldades de financiamento – resume o economista-chefe do Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi), Rafael Cagnin.
Outro efeito da greve foi a interrupção no ciclo de quatro altas consecutivas nos investimentos realizados por empresas para aumento de produção. O recuo nesse indicador, conhecido como formação bruta de capital fixo (FBCF), foi de 1,8%. Em relação ao mesmo período de 2017, houve alta de 3,7%, a terceira em sequência.
– O nível de investimentos sofreu com o aumento de riscos no país nos últimos meses. Isso representa uma perda daquele fôlego inicial que era imaginado para a reação da economia neste ano – pontua o gerente de análise econômica do Sicredi, Pedro Ramos.
Especialistas projetam que, nos próximos meses, as incertezas eleitorais tendem a represar investimentos. Ou seja, com menor grau de previsibilidade do cenário político, empresários devem aguardar antes de fazer novos aportes.
– Sem capacidade de olhar para a frente, não há crescimento forte em qualquer economia. Os agentes privados precisam de algum norte para suas decisões – descreve Ramos.
No segundo trimestre, a alta de 0,2% do PIB nacional foi puxada pelo setor de serviços, que cresceu 0,3% em relação ao primeiro trimestre. Dentro desse segmento, as maiores elevações foram registradas pelas atividades de informação e comunicação (1,2%) e imobiliárias (1,2%).
O IBGE informou ainda que a agropecuária, outro setor produtivo pesquisado, ficou estável no segundo trimestre.