O crescimento – se é que pode ser chamado assim – de 0,2% no Produto Interno Bruto (PIB) do segundo trimestre trouxe algum alívio, já que havia temor de que registrasse queda depois da desarrumação provocada pela greve dos caminhoneiros. Mas o ritmo da atividade no Brasil ainda orbita em torno do zero e enfrenta dificuldade para se distanciar desse indesejado centro de gravidade. A queda profunda do indicador de atividade do Banco Central (IBC-Br) em maio e estimativas de bancos haviam despertado temores de resultado pior.
Ao menos dois segmentos voltaram para a recessão técnica: indústria de transformação (representada por todas fábricas, excetua-se apenas o segmento extrativista e a geração de eletricidade) e a de construção civil encadearam dois trimestres seguidos de queda, considerado o período imediatamente anterior.
Por coincidência, com os mesmos números: quedas de 0,4% de janeiro a março e de 0,8% entre abril e junho. O que impressiona é que o tombo dobra de tamanho no segundo trimestre. Foram diretamente impactados pela greve que começou com caminhoneiros, mas acabou estimulada por empresas de transporte e terminou dominada por radicais políticos. Não é de se estranhar que o investimento (medido pelo indicador de Formação Bruta de Capital Fixo) tenha encolhido 1,8% outra vez, interrompendo quatro trimestres sucessivos de altas, ainda que modestas.
E por uma dessas coincidências indesejadas, o anúncio do trimestre impactado pelo resultado da greve provocada pela alta diária e constante dos preços dos combustíveis veio no dia seguinte ao anúncio do valor recorde da gasolina nas refinarias e no mesmo dia em que a Petrobras anunciou aumento de 13% do diesel. Sim, a subvenção combinada para encerrar o final da paralisação de maio continua até dezembro, mas fará pouca diferença.
A percepção de oportunidade da estatal segue atropelando a realidade, o PIB e o humor
dos brasileiros