O turismo na Região das Hortênsias não ficou imune às incertezas da política e da economia do país. Em entrevista à coluna, o presidente do SindTur Serra Gaúcha, Fernando Boscardin, avalia que o cenário de dificuldades freou os negócios do setor de janeiro a junho e pode ameaçá-los novamente no segundo semestre.
INÍCIO DO ANO
“Há um sobe e desce no país, marcado pela insegurança política e jurídica. Isso atinge o setor de turismo. No primeiro semestre, a ocupação dos hotéis da região ficou em nível similar ao do ano passado. Em meio a esse período, a greve dos caminhoneiros nos tirou visitantes por pelo menos 10 dias. Estimamos que a paralisação tenha causado prejuízo mínimo de R$ 50 milhões ao setor de turismo da região.”
DÚVIDAS NO HORIZONTE
“O setor trabalha com vendas futuras. Em um ciclo de crescimento econômico, é normal que as pessoas façam reservas para um evento como o Natal Luz, em dezembro, um ano antes, por exemplo. Mas, em períodos de crise, isso diminui. As pessoas não ficam seguras, não sabem se terão empregos na semana que vem.”
CRÍTICAS LOCAIS
“Estamos vivendo momento em que a oferta imobiliária está sendo favorecida em Gramado e região. Há empreendimentos que chegam aqui disfarçados de hotéis, com vendas de cotas de apartamentos fracionados. Nesses projetos, parte é hotel, e a outra parcela pode ser um condomínio, no qual as pessoas compram esses apartamentos. Isso não gera tantos empregos como um hotel.”
CENÁRIO ATÉ DEZEMBRO
“O segundo semestre é imprevisível por conta das eleições. A corrida eleitoral vem sendo marcada por extremos. As pessoas ficam apreensivas e analisam o quadro antes de fazer investimentos, compras e viagens. Hoje, há mais reservas para o curto prazo. Mas ainda não vemos tantas reservas para meses como dezembro e janeiro.”