A leve alta de 0,2% do Produto Interno Bruto (PIB) no segundo semestre sustenta projeções de que o crescimento da economia brasileira em 2018 ficará em nível aquém do esperado. No início do ano, estimativas apontavam para avanço que rondaria os 3%. Gerente de análise econômica do Sicredi, Pedro Ramos prevê elevação entre 1% e 1,5%:
– É uma alta bem mais moderada do que a esperada inicialmente. A revisão das estimativas no país está relacionada à conjunção de três elementos. O primeiro é formado pelas incertezas eleitorais. O segundo é a turbulência externa, com aumento nos riscos. E o terceiro, a greve dos caminhoneiros, não estava previsto.
Economista-chefe da Fecomércio-RS, Patrícia Palermo avalia que o desempenho do PIB nos próximos meses tende a ser influenciado pelo consumo das famílias, mesmo que em nível inferior ao considerado necessário para retomada mais consistente. Entre abril e junho, lembra a analista, a alta no indicador teve desaceleração por causa da greve dos caminhoneiros. No período, o avanço foi de 0,1% – entre janeiro e março, havia sido de 0,4%.
– Há fatores positivos como taxas de inflação e de juro mais baixas. Mas isso ainda não está sendo suficiente para as famílias comprarem de maneira mais forte – menciona Patrícia.
A pesquisadora Luana Miranda, do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (FGV), acrescenta que a expansão do consumo ainda é afetada pelo desemprego em patamar elevado no país. Segundo o IBGE, a taxa de desocupação recuou para 12,3% em julho, mas ainda atingiu 12,9 milhões de pessoas.
– Um dos fatores que têm freado a retomada da economia desde o fim da recessão é a lenta recuperação no mercado de trabalho. Isso prejudica toda a atividade. Somente após a definição das eleições poderá haver melhora mais forte da economia – pontua a pesquisadora.