A Ecovix conseguiu avançar um degrau no tortuoso caminho para tentar aprovar seu plano de recuperação. Na tarde desta quinta-feira (26), o Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul (TJ-RS), na 6ª Vara Cível, liberou a realização de assembleia geral de credores da dona do Estaleiro Rio Grande, localizado no polo naval da Região Sul.
Ainda sem data marcada, a nova etapa será necessária para a apresentação do projeto de negociação da dívida de cerca de R$ 7,6 bilhões da empresa. Na reunião, os credores poderão votar a favor ou contra o plano.
– A decisão da Justiça foi razoável. A Ecovix quer votar o plano o quanto antes. Mas a definição da nova data ainda depende da juíza de primeira instância de Rio Grande – declarou o advogado da Ecovix, Rodrigo Tellechea.
Mergulhada em crise financeira, a companhia pediu recuperação judicial em dezembro de 2016. De lá para cá, tem encontrado dificuldades para destravar o processo, que envolve cerca de 500 credores. A sessão no TJ-RS ocorreu após discordância com a Fundação dos Economiários Federais (Funcef), que havia adiado a assembleia por meio de liminar judicial.
– É preciso trabalhar os termos do acordo. O que a sessão de hoje discutiu foram questões de ordem societária – afirmou o advogado da Funcef, Juliano Rebelo Marques.
Apesar da liberação da assembleia, os desembargadores do TJ-RS que julgaram o processo adotaram tom de cautela em relação às condições da dona do Estaleiro Rio Grande para uma eventual retomada.
– A radiografia da Ecovix está muito feia. Conversamos para ver o que seria o melhor para sociedade gaúcha. Rogamos que a recuperação seja exitosa e que a assembleia apare as arestas. Mas tudo caminha para a falência – sublinhou o desembargador Niwton Carpes da Silva.
Caso consiga iniciar o plano de recuperação, a companhia pretende criar uma empresa para a qual transferiria tanto a área e os equipamentos do estaleiro quanto o valor dos débitos convertido em debêntures (títulos de dívida privada, com promessa de pagamento futuro). Quem aceitasse o desafio teria de investir para adaptar o local a possíveis novas atividades.
A onda de dificuldades
- O Estaleiro Rio Grande agoniza com a falta de novas encomendas de plataformas. Equipamentos que começaram a ser construídos, como a P-71, cujo contrato com a Petrobras foi cancelado, correm o risco de virar sucata. Na estrutura do local, o destaque é o dique seco, apresentado como o maior do Hemisfério Sul.
-Hoje, o complexo emprega apenas 65 funcionários diretos e 60 indiretos. No auge do polo naval, em 2013, havia cerca de 10 mil trabalhadores diretos.
-Para preservar o estaleiro, e caso consiga aprovar a negociação da dívida, a Ecovix cogita atividades como movimentação de cargas, reparos em plataformas, processamento de aço e finalização da P-71. Até 2020, segundo a companhia, 1,2 mil empregos poderiam ser gerados.