Em reunião a portas fechadas na tarde desta terça-feira (24), no Palácio Piratini, em Porto Alegre, representantes da Ecovix defenderam junto ao governador José Ivo Sartori (PMDB) o avanço nas tratativas de negociação da dívida da companhia. Em processo de recuperação judicial desde dezembro de 2016, a empresa tenta viabilizar a volta das atividades no Estaleiro Rio Grande.
Nos últimos anos, o complexo na zona sul tem atravessado dificuldades com a falta de novas encomendas de plataformas. Mergulhada em crise financeira, a Ecovix demitiu 3,2 mil funcionários em dezembro de 2016. Hoje, emprega em torno de 65 empregados diretos e outros 60 indiretos no local.
Com duração de cerca de 30 minutos, a reunião com o governo estadual ocorreu dois dias antes de uma etapa considerada pela companhia como crucial para a continuidade de seu processo de recuperação judicial. Nesta quinta-feira (26), o Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul, na 6ª Câmara Cível, deve decidir se libera ou não a realização de uma assembleia geral de credores. Sem o avanço nessa fase, não haverá a apreciação nem a votação do plano de recuperação, afirma a companhia.
— A Justiça decidirá na quinta-feira se o processo terá continuidade com a assembleia de credores. O plano de recuperação está estruturado — declarou o diretor-executivo da Ecovix, Christiano Morales.
O secretário estadual do Desenvolvimento Econômico, Ciência e Tecnologia, Evandro Fontana, destacou a capacidade de operação do polo naval. Fontana mencionou que o Piratini trabalha para evitar que os equipamentos virem sucata. Para apresentar sua posição favorável ao plano de recuperação da Ecovix, o governo buscará um encontro com representantes do Judiciário antes da sessão de quinta-feira, acrescentou o secretário.
— Dentro dos limites de independência dos poderes, vamos procurar fazer essa conversa. A ideia é mostrar a posição do Estado — frisou Fontana.
Morales disse que, caso o plano de recuperação judicial avance, a Ecovix poderá ter atividades complementares para manter seu estaleiro em operação, como trabalhos portuários de embarque e desembarque de mercadorias. Segundo o diretor, até 2020, em caso de sucesso no andamento do processo, o complexo terá condições de empregar 1,2 mil trabalhadores.
— São opções complementares, que não atrapalhariam a atividade de origem, de reforma e construção de embarcações — projeta Morales.
O encontro no Piratini teve ainda a presença de lideranças dos meios empresarial e político, como os prefeitos Alexandre Lindenmeyer (PT), de Rio Grande, e Fabiany Zogbi Roig (PSB), de São José do Norte.
A situação
-Dona do estaleiro Rio Grande, a Ecovix entrou com pedido de recuperação judicial em dezembro de 2016, quando demitiu 3,2 mil funcionários.
-De lá para cá, tem enfrentado dificuldades para avançar no processo. Recentemente, uma divergência com a Fundação dos Economiários Federais (Funcef) travou a realização de assembleia.
-A empresa avalia em US$ 1 bilhão o valor de seus ativos. Parte da estrutura em Rio Grande corre o risco de virar sucata.
-Para salvá-la, a companhia vislumbra atividades complementares, como atracação de embarcações e movimentação de cargas, reparos em plataformas, processamento de aço para a indústria metalmecânica e finalização da P-71, que a Petrobras decidiu construir na China.
-Nesta quinta-feira (26), o Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul, na 6ª Câmara Cível, deve decidir se libera ou não a realização de uma assembleia geral de credores.