O Comitê de Política Monetária (Copom) decidiu, nesta quarta-feira (21), por unanimidade, reduzir a taxa básica de juro da economia brasileira em 0,25 ponto porcentual. Com a queda, a Selic passa de 6,75% para 6,5% ao ano. É o nível mais baixo já registrado pelo Banco Central (BC), cuja série histórica começou em 1986. E, longe de ser mera estatística ou economês, a redução afeta em cheio o bolso de cada brasileiro. Para o bem ou para o mal. Do dinheiro tomado emprestado no banco, ao juro no carnê da loja de vestuário, por exemplo, ficarão mais baratos. Já o rendimento do dinheiro aplicado no banco, em opções populares como CDBs e Fundos, vai render menos. Tudo se move no lastro da Selic.
Confira, abaixo, três situações em que você já percebe a queda da Selic.
EMPRÉSTIMO PESSOAL
A queda na taxa básica de juros afeta em cheio todas linhas de crédito. Uma vez que os bancos têm custo mais baixo para captar o dinheiro no mercado financeiro, também repassam por menos aos consumidores. Em outubro de 2016, quando a Selic estava em 14,25%, quem tomava dinheiro emprestado do banco para investir em um novo negócio ou pagar dívidas, por exemplo, encarava um juro médio de 73% ao ano. Agora, com a Selic cortada o menos pela metade, esse custo caiu para 64,2%, conforme a Associação Nacional de Executivos de Finanças (Anefac). Os juros no Brasil seguem entre os mais altos do mundo, pois, conforme os próprios bancos, a queda das taxas não é o único fator que pesa sobre a taxa: há o risco de inadimplência, os juros e a margem de lucro (spread).
— Como o juro subiu muito nos últimos anos, em razão do desemprego e da inadimplência, ele continua em patamares muito altos. No entanto, a tendência é que gradativamente vá caindo, conforme a economia volte a crescer e o risco de inadimplência caia — explica Miguel Ribeiro de Oliveira, vice-presidente da Anefac.
JURO NO COMÉRCIO
Quem costuma pagar parcelado já está percebendo que o juro no carnê tem caído. As lojas — que tomam dinheiro das financeiras pagando menos — têm cobrado menos no financiamento, então o consumidor depara com juros mais baixos do que um ano atrás. O judo do comércio baixou para 88% ao ano, número alto mais ainda assim menor do que os 98% de quando a Selic passava de 14%.
Queda semelhante ocorre no financiamento de veículos, uma das linhas mais baixas de crédito, diretamente impactado pela Selic. Como o risco de calotes é menor, os bancos mantém essa taxa relativamente mais próxima à Selic do que as linhas sem garantias. Hoje, esta taxa está em 26,4%, abaixo dos 31,7% de outubro de 2017.
RENDIMENTO DE APLICAÇÕES
Quem se acostumou com juros gordos em aplicações financeiras nos bancos ou corretoras tem caído na real. Investimentos na chamada renda fixa, que até agora pagavam rendimento de dois dígitos, caíram praticamente pela metade em razão na queda da Selic. A lógica é que, como o juro médio do mercado despencou, essas instituições também pagam menos ao cliente. Um exemplo claro são os CDBs, populares aplicações em bancos, que pagavam um rendimento de 10,52% com a Selic acima dos dois dígitos e agora rende 4,64%. A mesma regra se repete ou outras aplicações de renda fixa, como Tesouro Direto e as Letras (LCI e LCA).
Embora não seja atrelada diretamente ao CDI, que é o indicador que reflete a Taxa Selic e influencia no rendimento da maioria da renda fixa, a caderneta de poupança também é afetada pela mudança no Juro Básico — ela passa a render 5,25% ao ano mais Taxa Referencial (TR).
Dica para o consumidor
Revisão das dívidas: na avaliação d eReinaldo Domingos, do canal Dinheiro à Vista, o consumidor que tem dívidas de médio e longo prazo, como financiamentos de carro ou casa, pode buscar a reparação nos contratos, que foram firmados sobre juros maiores. Esse é um bom momento para fazer a portabilidade de dívidas e pagar menos juros.