Somente em 2023, a estimativa é de que as vendas confirmadas dos pequenos negócios para o governo ultrapassem R$ 17 bilhões. Isso é reflexo de um cenário com fatores (veja abaixo) como o anúncio do Banco Central de redução da taxa básica de juros do país, a Selic, em 0,5 ponto percentual, após três anos sem cortes. Esta decisão animou o mercado, que revisou as projeções de crescimento da economia brasileira deste ano.
De acordo com o Boletim Focus de 14 de agosto, o Produto Interno Bruto (PIB) deve crescer 2,29% em 2023. A outra notícia positiva é a perspectiva de uma inflação controlada, com estimativa de 4,90% para o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) neste ano.
Em outras palavras, os sinais da economia brasileira estão positivos e há uma perspectiva de melhora. Grandes pacotes anunciados pelo governo federal, como o Novo Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), devem movimentar cifras bilionárias em oportunidades de negócio. E sem contar a iniciativa privada.
— Sempre é tempo para o empreendedorismo. Nossas pesquisas mais recentes (no segmento) mostram, por exemplo, que, com aumento no faturamento, os pequenos negócios gaúchos projetam um próximo bimestre com otimismo. A estimativa é de que 37% dos empreendedores gaúchos pretendem expandir suas atividades e isso é um bom indicativo — afirma o diretor-superintendente do Sebrae RS, André Godoy.
Vocação
Apesar de um cenário mais otimista, é preciso investir em planejamento. Diversos setores apresentam oportunidades, mas o empreendedor inexperiente pode enfrentar dificuldades ao entrar em um novo mercado. E, é claro, as aptidões falam alto na hora de optar por um segmento:
— Tem diversos fatores que devem ser levados em consideração quando se pensa em abrir um negócio. Podemos listar alguns dos mais escolhidos pelos empreendedores, mas isso também está ligado à vocação. Vocação da região, do município, do público, do próprio empreendedor ou empreendedora. Há grande concentração de negócios nos setores de alimentos e bebidas, franquias, moda, indústria, varejo, turismo, saúde e bem-estar. Ainda, é fundamental que os empreendedores promovam a digitalização dos seus negócios, seja qual for o ramo ou porte da empresa, sendo altamente recomendável o desenvolvimento de um modelo dual, no qual o físico e o digital convivam e sejam complementares entre si — complementa Godoy.
Para o professor Marcos Piellusch, da FIA Business School, as principais oportunidades para quem pretende iniciar um negócio no Brasil estão relacionadas com o consumo de bens e serviços.
— O varejo deve se beneficiar bastante, principalmente de bens semiduráveis, como vestuário, e duráveis, como eletrodomésticos. Os serviços, como lazer e alimentação fora de casa, também devem apresentar uma reação diante do cenário, oferecendo oportunidades. Com isso, toda a cadeia de fornecimento desses setores deve se beneficiar também. Por exemplo, serviços automotivos, fornecimento de insumos para restaurantes etc — aposta.
O professor Ricardo Rocha, do Instituto de Pesquisa e Ensino (Insper), indica também um tempo de maturação da ideia antes de iniciar o investimento. No momento em que executivos se demitem para empreender projetos próprios, o consultor em finanças orienta um período de oxigenação para as ideias. A recomendação dele, principalmente para empreendedores que não são jovens e deixaram algum posto de executivo, é que devem passar um tempo sem fazer nada.
E prossegue:
— As pessoas têm uma rotina de trabalho muito dura nas empresas, mas não pagam pela infraestrutura, internet e aluguel. Não sabem o que é se comprometer com a folha de pagamento. Por isso, acho importante “descarbonizar”. Se puder ficar dois ou três meses estudando, fazendo cursos no Brasil ou até no Exterior, acho importante.
Para abrir o seu negócio
Confira as vocações a considerar, segundo André Godoy, do Sebrae-RS:
- Da região e do município
- Do público
- Do próprio empreendedor
Godoy também aponta setores com concentração de negócios:
- Alimentos e bebidas
- Franquias
- Moda
- Indústria Varejo
- Turismo
- Saúde
- Bem-estar
Dica da Giane Guerra: "Paixão e negócios"
"Tenha paixão, mas seja racional ao abrir um negócio. O mundo ideal é quando o empreendedor tem sucesso fazendo o que ama. Ser louco por animais com uma pet shop que arrasa nas vendas. Ser fã de dança com uma escola com turmas lotadas de bailarinos. Ser entusiasta do bem-estar com clientela fiel na loja de alimentos saudáveis. Com sorte, a empreitada dá certo sem planejamento. Mas a regra é ter que estudar se o mercado tem demanda. E mais: isso precisa ser calibrado de tempos em tempos. Estude minimamente sobre gestão e cerque-se de pessoas confiáveis para a burocracia, como contador, advogado e profissional de informática."