Em um cenário com queda no juro, o consumidor precisa estar alerta a práticas abusivas, como a venda casada e a taxa de abertura de cadastro. O ciclo de queda da Selic, que teve início neste mês, tem animado os economistas. Um dos setores mais beneficiados pela redução da taxa básica de juros é o mercado imobiliário. Como a maior parte dos imóveis no Brasil é adquirida por financiamentos, as oscilações do juro impactam diretamente neste tipo de operação.
Com o crescimento nas vendas, acende o alerta para compradores que estão adquirindo o primeiro imóvel. “O que devo saber na hora de fechar o contrato?”, é o que se perguntam muitos no momento de comprar a casa própria. Para João Boos, diretor comercial da Franq, fintech com sede em Florianópolis (SC), embora seja o principal fator, a taxa de juro não é a única questão a ser considerada.
— É instintivo comparar a taxa para escolher onde contratar a operação. O que o cliente precisa ficar atento é que o juro é apenas um dos fatores que compõem o custo de uma operação de crédito imobiliário. Os seguros obrigatórios – que fazem parte de forma legal da operação – tarifas de contratação e avaliação, impostos e registro também impactam — diz Boos.
Para ilustrar, a taxa média de financiamento é de 10% ao ano, enquanto o consórcio, que não tem juro, usa uma taxa de administração de cerca de 20% do valor da carta de crédito.
Outro ponto que deve ser observado pelo consumidor são as tentativas de venda casada. A prática é considerada ilegal, porém, muitas instituições financeiras tentam fazer com que os clientes adquiram produtos ou serviços de maneira compulsória na hora de contratar o financiamento. Além disso, também é vedado o pagamento para abertura de cadastro, prática considerada abusiva pelo Procon.
Retomado em fevereiro, o programa Minha Casa, Minha Vida é visto por muitos como essencial para adquirir o imóvel próprio. Para Rodrigo Wermelinge, diretor de habitação da Caixa, embora os valores máximos para compra tenham subido, o foco segue nas famílias de baixa renda.
— Busca-se atingir as famílias com a menor faixa de renda, de até R$ 2 mil mensais. Nesse sentido, a taxa mínima passou de 4,5% para 4,25% — diz.
Financiamento ou consórcio
Uma dúvida muito comum na hora de adquirir o imóvel é sobre a modalidade de crédito a ser contratada. O diretor comercial da Franq, João Boos, explica as diferenças entre o financiamento e o consórcio.
- Consórcio: é indicado para clientes que estão em uma fase de planejamento, que desejam efetuar uma reserva de recursos de médio/longo prazo com o objetivo de adquirir um bem ou serviço. O acesso se dá com a contemplação, que ocorre por um sorteio ou por lance ofertado. Tem uma taxa de administração.
- Financiamento: indicado ao cliente que possui necessidade de uso imediato do imóvel. A liberação do recurso é feita diretamente ao vendedor no momento do registro do contrato. O que determina a melhor operação para um cliente é sua urgência em dispor dos recursos. Costuma ter juro mais alto, que pode variar.