O juro composto é mais conhecido pelo seu lado ruim. E não é por menos: está naquele boleto atrasado, no estouro do cheque especial ou no rotativo do cartão de crédito, muitas vezes dobrando o valor da dívida. Mas ele também pode ser a felicidade de quem investe pensando a longo prazo. Mesmo com aportes menores, os resultados surpreendem.
Esse crescimento ocorre porque o juro de cada mês é adicionado ao valor inicial do investimento, e o juro subsequente será calculado com base nesse novo montante, gerando um efeito de bola de neve (veja simulações nos quadros).
Planejadora financeira e líder do comitê de educação financeira no Mercado Bitcoin, Annalisa Blando afirma que as pessoas começam a pensar na aposentadoria ao se aproximarem dos 40 anos. Na avaliação dela, isso não é um problema. Porém, caso se aposente com 65 anos, serão 25 anos para investir, o que exigirá um aporte maior – e o efeito do juro composto será menor em relação a quem começa a investir aos 30 anos. Por isso, acrescenta, é importante entender o seu perfil de investidor e o cenário econômico.
— Atualmente, a pessoa pode adquirir Tesouro Direto, títulos pré-fixados com inflação mais juros, aproveitando a mágica do juro composto, comprando títulos de crédito que vão demorar para vencer. Porém, se quiser vender no meio do período (antes da data pré-estabelecida no momento da compra), é preciso analisar possíveis perdas — acrescenta.
Os investimentos com juro composto devem ser adaptados de acordo com as fases da vida de cada pessoa. Para os mais jovens, que possuem um horizonte de investimento mais longo, pode-se assumir um pouco mais de risco para buscar maior rentabilidade. Conforme a vida avança e se aproximam metas específicas, como a compra de um imóvel, aposentadoria ou educação dos filhos, é indicado ajustar a estratégia de investimento para se adequar aos objetivos de curto prazo ou até começar a ter uma renda mensal.
— Conforme a idade vai passando, também convém modificar a carteira. Estou a dois anos de me aposentar? Talvez seja o momento de começar a montar renda (receber uma quantia por mês): há título público que paga cupom, ações que distribuem bons dividendos e alguns fundos imobiliários que pagam renda — explica Annalisa.
Aportes
Quando se fala em juro composto, a economista comportamental e orientadora financeira da Ih! Gastei, Ingrid Roth, lembra que o importante não é quando investir, mas a sua regularidade. Para ela, é fundamental criar uma base financeira consolidada e com estabilidade nos aportes. Quanto mais cedo começamos, independente do valor, mas mantendo a constância, melhores serão nossos resultados, afirma. Ingrid destaca ainda que é fundamental, primeiro, ajustar a vida financeira, estruturando um orçamento pessoal, melhorando a relação com o dinheiro até chegar ao ponto de ter disciplina para investir.
— Se compararmos uma pessoa que investe R$ 100 por mês e uma que guarda R$ 800 mensais no mesmo investimento, com a mesma rentabilidade, elas terão o mesmo efeito do juro composto. O valor em reais será diferente porque cada um aplica quantias diferentes. Mas é um retorno democrático, visto que quem tem menos ou mais dinheiro recebe o mesmo percentual de rendimento — acrescenta.
Para os especialistas, porém, sempre é importante conhecer o mercado e avaliar o cenário e os riscos. Buscar assessoria financeira e diversificar os investimentos são estratégias prudentes, principalmente se a pessoa não sabe ao certo qual o seu perfil de investidor.
Investimentos mais comuns com juro composto
- Tesouro Direto: títulos públicos emitidos pelo governo federal. São considerados investimentos de baixo risco e com diferentes prazos de vencimento.
- Fundos de Investimento: existem diversos tipos de fundos, como renda fixa, multimercado e ações, que possibilitam a diversificação da carteira.
- Ações: investir na bolsa de valores pode oferecer grandes oportunidades de ganhos a longo prazo, além de dividendos.
- Previdência Privada: uma forma de investir em planos ou montando carteira própria para garantir um futuro mais tranquilo na aposentadoria.
- Investimentos imobiliários: comprar imóveis para aluguel ou venda pode ser uma alternativa, mas com olhar profissional ao escolher o imóvel.
- Dividendos: investir em ações de empresas que pagam dividendos regularmente pode ser uma fonte constante de renda.
Show do Milhão
Simulação elaborada pela economista comportamental e orientadora financeira da Ih! Gastei, Ingrid Roth, mostra como funciona o juro composto a longo prazo. Todos os cálculos são para fins didáticos. Não representam efeitos de inflação, incidência de impostos e não são garantias de rentabilidade. Foi considerado um rendimento mensal de 0,5%.
CASO 1
A pessoa tem 18 anos e pode aplicar R$ 100 mensalmente. Quanto ela terá em 40 anos, aplicando o mesmo valor todos os meses?
CASO 2
A pessoa tem 30 anos e pode aplicar R$ 1 mil mensalmente. Quanto ela terá em 40 anos, aplicando o mesmo valor todos os meses?