O Comitê de Política Monetária (Copom) anunciou, nesta quarta-feira (6), corte de 0,5 ponto percentual na taxa básica de juro. Com a 10ª redução consecutiva, já prevista por analistas do mercado financeiro, a Selic passa de 7,5% para 7% ao ano. A medida é simbólica porque leva o juro básico ao menor nível já registrado pelo Banco Central (BC), cuja série histórica começou em 1986.
Em comentário sobre o corte, definido por unanimidade, o Copom sublinha que o comportamento da inflação segue "favorável" no país. A previsão do mercado financeiro é de que feche 2017 em 3,03%. Ou seja, pouco acima do piso da meta de inflação — a marca de referência perseguida pelo BC é de 4,5%, mas pode variar entre 3% e 6%.
"O conjunto dos indicadores de atividade divulgados desde a última reunião do Copom mostra sinais compatíveis com a recuperação gradual da economia brasileira", argumenta o comitê.
Antes da reunião desta semana, o patamar mais baixo da Selic havia sido de 7,25%, registrado entre outubro de 2012 e abril de 2013. Depois, o Copom colocou em prática uma série de reajustes, que levaram a taxa a 14,25% em julho de 2015. Os cortes só foram retomados em outubro do ano passado.
— A inflação continua em baixa, e as expectativas para o futuro, controladas. A nova redução se sustenta no momento em que a economia está saindo da recessão, com fraca capacidade instalada nas fábricas — avalia o economista-chefe da Geral Investimentos, Denilson Alencastro.
Previsão de nova baixa
Em nota, o Copom também aponta que o corte na Selic é favorecido pelas condições do ambiente externo e recomenda a necessidade de reformas pelo governo federal para que a inflação siga em baixa. Para o próximo encontro, que deverá ocorrer em fevereiro, o comunicado sinaliza "nova redução moderada" no juro básico.
"Essa visão é mais suscetível a mudanças na evolução do cenário e seus riscos do que nas reuniões anteriores. Para frente, o comitê entende que o atual estágio do ciclo recomenda cautela na condução da política monetária. O Copom ressalta que o processo de flexibilização monetária continuará dependendo da evolução da atividade econômica, do balanço de riscos, de possíveis reavaliações da estimativa da extensão do ciclo e das projeções e expectativas de inflação", pondera.
Bancos anunciam reduções
O corte na Selic, que serve de referência para o sistema bancário, busca baratear o acesso ao crédito, incentivar a produção industrial e alavancar o consumo das famílias. No sentido contrário, não traz animação para quem mantém aplicações financeiras como poupança e Certificados de Depósito Bancário (CDBs). Como a taxa serve de referência para investimentos pessoais, a projeção é de que os rendimentos também recuem.
Um dos efeitos imediatos do novo corte na Selic foi o anúncio de redução em taxas de juro de bancos. Instituições como Banco do Brasil, Bradesco, Itaú Unibanco e Santander se comprometeram a adotar a medida.
A reunião do Copom nesta semana foi a última de 2017. Para o próximo ano, estão previstos oito encontros.