O clima já não é mais um dos principais influenciadores da produção agrícola. Segundo pesquisa da Universidade de Illinois, nos Estados Unidos, de sete fatores, o clima fica com apenas 27% da responsabilidade pela qualidade da safra. Em compensação, dois terços dos resultados de produtividade das lavouras dependem de condições que podem ser controladas pelo produtor rural. E é justamente nesse espaço que entra em cena a tecnologia no campo. Por meio dela, é possível melhorar a precisão, aumentar a produtividade e reduzir os custos.
Dispositivos conectados, uso de inteligência artificial e big data são algumas das tecnologias aplicadas para resolver problemas reais desta cadeia que vai do campo à mesa
Outro dado que devemos considerar é o aumento da população. De acordo com a Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO), até 2050 chegaremos a 9,6 bilhões de pessoas no mundo, e para conseguirmos atender a essa demanda por alimentos, estima-se que a indústria agrícola precisará produzir uma quantidade de comida 70% maior. Aqui, novamente, a tecnologia aparece com caráter fundamental para ajudar o país a explorar todo seu potencial.
Neste sentido, uma verdadeira revolução digital tem invadido as propriedades rurais. São as agtechs ou as agrotechs, startups especializadas em desenvolver soluções voltadas para o agronegócio. Com alta tecnologia investida, elas permitem a geração de dados que podem ser utilizados pelo agricultor de forma estratégica na gestão de sua propriedade, aumentando o rendimento e a sustentabilidade. Com as startups juntam-se investidores, incubadoras, aceleradoras, instituições de pesquisa e desenvolvimento e universidades que formam um verdadeiro ecossistema de inovação em prol do agronegócio gaúcho e brasileiro.
No Rio Grande do Sul, algumas destas empresas já estão contribuindo para este novo cenário. Dispositivos conectados, uso de inteligência artificial e big data são algumas das tecnologias aplicadas para resolver problemas reais desta cadeia que vai do campo à mesa. E não apenas as grandes propriedades têm condições de usufruir destes dispositivos. O pequeno e o médio agricultor também podem, e devem, adotar as novas tecnologias.
Somos um dos principais produtores mundiais de alimentos e o agronegócio continua tendo peso significativo em nosso Produto Interno Bruto. Com a contribuição das startups e outras tecnologias, reunimos as condições para seguirmos em posição privilegiada na nova agricultura digital.
Derly Fialho é diretor-superintendente do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas no Rio Grande do Sul (Sebrae/RS)