Se o desempenho do mercado de genética no primeiro semestre do ano se mantiver, o Brasil fechará 2018 com aumento significativo nas vendas de doses de sêmen bovino. Um resultado excelente não só do ponto de vista econômico, mas, sobretudo, em relação ao impacto que a inseminação artificial (IA) traz ao rebanho brasileiro. A técnica é a forma mais barata, segura, simples e eficiente de promover a melhoria da produtividade e da lucratividade da fazenda.
A Inseminação Artificial por Tempo Fixo (IATF) – onde se utiliza um protocolo terapêutico para sincronizar o cio de todas as fêmeas de um mesmo lote – também cresce ano a ano no Brasil, e já atinge o equivalente a aproximadamente 15% das fêmeas em idade reprodutiva. Em 2017, foi registrada a cifra de 12 milhões de protocolos de IATF vendidos, com o setor fechando o ano com quase 14 milhões de doses de sêmen comercializadas. No primeiro semestre de 2018, foram quase seis milhões, crescimento de 9% sobre 2017.
Essas são duas técnicas que vêm agregando mais qualidade à pecuária brasileira. Em fazendas leiteiras, há o retorno imediato, com mais vacas prenhas, mais terneiros nascidos e maior produção de leite. Em longo prazo, há a melhoria das fêmeas nascidas com a inseminação que, quando adultas, serão vacas mais produtivas, mais longevas e que vão gerar animais mais saudáveis e mais produtivos. Nas fazendas de corte, a melhoria da qualidade dos bezerros nascidos e dos índices reprodutivos também é percebida. Uma das vantagens da técnica é a possibilidade de utilizar sêmen de touros importados e de raças que transmitem algumas características não encontradas nos reprodutores locais.
Além dos ganhos em produtividade e lucratividade, a implantação de um programa de inseminação na fazenda requer baixo investimento. No caso da IA, com observação de cio, o custo se baseia na aquisição da dose de sêmen. No caso da IATF, além da dose de sêmen, o valor dos medicamentos e o serviço do técnico. De forma geral, o custo varia de 0,5% a 3% do custo de produção do bezerro ou bezerra.
Há muito espaço para o crescimento do uso das técnicas de IA e IATF, pois, dos quase 80 milhões de fêmeas em idade reprodutiva no país, cerca de 60 milhões delas ainda são acasaladas com touros a pasto, a maioria sem valor genético, o que reduz em muito a produtividade e a qualidade da carne e do leite.
Analisando os números de vendas de doses de sêmen nos últimos anos, há clara tendência de adoção da técnica por parte dos produtores brasileiros.
Sérgio Saud é presidente da Associação Brasileira de Inseminação Artificial (Asbia)