As infecções na região vaginal estão entre as queixas mais frequentes entre as mulheres que procuram assistência ginecológica. Essas condições podem ser acompanhados de sintomas como secreção, irritação, coceira e sensação de queimação, pois são causados por microrganismos como candidíase, vaginose bacteriana e tricomoníase.
Embora sejam frequentes, alguns hábitos e cuidados com a higiene íntima podem desempenhar um papel crucial na prevenção, evitando não apenas desconfortos e sintomas desagradáveis, mas também complicações mais graves.
Cuidados com a higiene íntima
Adriana Campaner, líder da comissão de Trato Genital Inferior da Federação Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia (FEBRASGO), ressalta que existem medidas simples que as mulheres podem adotar para garantir uma higiene adequada.
— A primeira é em relação à limpeza. Quando for ao toalete, limpe sempre de frente para trás e, ao evacuar, prefira realizar uma lavagem ou utilizar lenços umedecidos neutros, como aqueles próprios para bebês, limpando a área para remover os resíduos de fezes e bactérias. Na hora da limpeza, evite utilizar sabonetes muito perfumados, pois esses podem irritar a região. Se possível, utilize produtos específicos para higiene íntima, pois eles podem ser utilizados todos os dias — ressalta a médica.
Há uma variedade de produtos de higiene íntima disponíveis no mercado, e é recomendável que as mulheres optem por aqueles produzidos por laboratórios farmacêuticos conhecidos.
— É importante ter cautela, pois muitos desses produtos contêm fragrâncias intensas, o que pode resultar em irritação, alergias, coceira e até mesmo lesões na pele se utilizados inadequadamente — alerta Adriana Campaner.
Motivos do odor vaginal
A falta de higiene pode resultar em odor vaginal e desconforto, especialmente na região da vulva. Mesmo na ausência de infecções, há a ação das glândulas de suor e gordura, além de uma natural proliferação bacteriana. Os pelos longos também podem contribuir para esse desconforto, ao abafar a área.
Dessa forma, a mulher pode experimentar um aumento no odor vaginal se não mantiver uma higiene adequada. Ao despir-se, a vulva pode apresentar um cheiro forte devido a essa proliferação de bactérias e ao suor. Como alternativa, para pacientes com pelos longos, ao invés de depilar, recomenda-se simplesmente cortá-los com tesoura para mantê-los aparados.
Tipos de infecções e corrimentos vaginais
Quando não se mantém uma higiene adequada, a mulher pode ficar exposta à contaminação por bactérias provenientes do intestino, o que aumenta o risco de infecções na vagina. Também, podem ocorrer infecções urinárias, que exigem o uso de antibióticos.
— Quanto às infecções vaginais, as pacientes podem apresentar corrimento, cuja coloração varia de acordo com o agente causador. Por exemplo, na candidíase, o corrimento é branco e lembra nata de leite; na tricomoníase, de cor amarelada, assemelha-se a pus. Já na vaginose bacteriana, o corrimento é de cor branca ou cinza em pequena quantidade, e a paciente relata um odor desagradável, semelhante ao peixe podre. Além do corrimento, a paciente pode experimentar ardor local e irritação. O tratamento varia conforme a condição diagnosticada — destaca Adriana Campaner.
A longo prazo, essas infecções podem se propagar para o útero, o que pode resultar em inflamação das trompas. Se não tratada adequadamente, essa condição pode levar à infertilidade ou à dor pélvica. Além disso, infecções urinárias recorrentes podem se agravar e resultar em complicações.
Atenção com as peças íntimas
A atenção à escolha dos tecidos das roupas íntimas é fundamental para a higiene feminina. O algodão, por exemplo, é altamente recomendado devido à sua capacidade de permitir uma melhor circulação de ar, tornando as roupas mais respiráveis. Isso contribui para evitar o acúmulo de sujeira e do odor nas peças íntimas.
Optar por tecidos mais confortáveis também reduz os riscos de irritações na pele, especialmente na região genital. Portanto, escolher roupas íntimas feitas de materiais adequados é parte essencial dos cuidados diários com a saúde.
Cuidados durante a menstruação
Intensificar os cuidados durante o período da menstruação também é importante. Aqui estão algumas recomendações para diferentes tipos de absorvente:
1. Absorventes internos (tampões)
Troque de preferência a cada quatro horas, dependendo do fluxo menstrual; a manutenção do absorvente por muito tempo no meio vaginal pode levar a proliferação bacteriana e a risco de infecções.
2. Absorventes externos
Em geral, devem ser trocados a cada três a quatro horas, variando de acordo com a intensidade do fluxo.
3. Absorventes reutilizáveis (feitos de materiais laváveis, como pano ou silicone)
As instruções de troca podem variar, mas costumam ser semelhantes às dos absorventes externos descartáveis. Sempre leia as orientações do fabricante.
4. Coletor menstrual
Esvazie de preferência a cada quatro horas, também dependendo da intensidade do fluxo menstrual e das instruções do fabricante. A manutenção do coletor por muito tempo no meio vaginal pode levar a proliferação bacteriana e a risco de infecções.