Antes do surgimento dos produtos de higiene menstrual, como absorventes descartáveis, calcinhas e coletores menstruais, foram diferentes práticas criadas e adotadas por mulheres ao longo dos séculos na tentativa de administrar seus ciclos, como uso de remédios para garantir um fluxo regular, deixar o sangue escorrer ou usar panos como método absorvente.
Este sábado, 28 de maio, celebra o Dia da Higiene Menstrual. A data foi criada em 2014, por uma ONG alemã chamada WASH United, com o objetivo de dar margem para o debate sobre o tema e promover a educação de meninas e mulheres e mostrar a importância de se realizar uma boa higiene. Para marcar o dia, conheça e relembre alguns métodos utilizados pelas mulheres ao longo dos séculos e a sua relação com a menstruação.
Remédios para regular a menstruação
Desde a Antiguidade, a medicina se interessa pela menstruação, mas não conseguiu compreendê-la durante séculos. De acordo com Nahema Hanafi, professora de história moderna da Universidade francesa de Angers, o que se pensava é que as mulheres deveriam evacuar regularmente esse sangue para, assim, ter uma boa saúde.
Essa visão dominou o campo médico e a sociedade ao longo dos séculos. Na época moderna (séculos 15-18), para promover a evacuação regular desse sangue, as mulheres aplicavam remédios caseiros, lavavam-se, faziam exercícios físicos ou comiam plantas que regulavam o ciclo menstrual, de acordo com a historiadora.
Na Antiguidade, existia também uma visão de desprezo pela menstruação, considerando esse sangue como impuro.
Um tema nem sempre tabu
As mulheres da mesma família ou comunidade informavam-se principalmente entre si, mas também discutiam seus ciclos menstruais com os homens.
— Nos tempos medievais e modernos, falava-se da menstruação porque era uma questão crucial de saúde que dizia respeito a toda a família — explica Hanafi.
As mulheres nobres mencionavam suas menstruações em correspondências ao tio ou pai. De acordo com a historiadora, foi no século 19 que a menstruação tornou-se um tabu, com o surgimento da burguesia, que erigiu novos modelos sociais. O pudor foi imposto como uma virtude feminina.
— Tudo o que diz respeito ao corpo e à sexualidade foi retirado do olhar das mulheres, o que as impediu de se informar sobre essas questões e falar delas — diz Nahema Hanafi.
Proteções higiênicas (ou a falta delas)
Ao longo da história, as mulheres usavam principalmente saias ou vestidos. As camponesas deixavam o sangue escorrer pelo corpo. Já as mulheres da burguesia ou da nobreza usavam panos para absorvê-lo, presos com nós ou ganchos, na ausência de calcinha.
Destaca-se, porém, que as mulheres tinham menos ciclos menstruais do que hoje devido ao maior número de gestações. A idade média do surgimento da primeira menstruação também era mais tardia: cerca de 16 anos por volta de 1750, comparado aos 12,6 anos de hoje, segundo o Instituto Nacional de Estudos Demográficos.
Os primeiros produtos menstruais surgiram no final do século 19, especialmente nos Estados Unidos e no Reino Unido. Esses antepassados da proteção higiênica eram "ásperos, largos e difíceis de usar, porque eram presos com um cós elástico e ataduras", conforme descreve Sharra Vostral, professora de história da Universidade de Purdue, nos Estados Unidos.
As proteções higiênicas se espalharam a partir da década de 1920, graças às propagandas em um contexto de desenvolvimento do consumo. Os absorventes fizeram a mesma coisa a partir da década de 1930. Os produtos estavam associados à ideia de que as mulheres eram consideradas frágeis durante a menstruação.
— Esses produtos permitiam que elas agissem como se não estivessem menstruadas, superassem os preconceitos associados — enfatiza Vostral.
O coletor menstrual também surgiu na década de 1930, mas só se tornou mais acessível na década de 2000. Há alguns anos, as mulheres têm novas opções para seus dias menstruais, como proteções laváveis, esponjas e calcinhas especiais.
Ao mesmo tempo, a questão da menstruação emerge no debate público. Nas redes sociais, contas como "Blood Blow" informam as jovens, enquanto associações como "Elemental Rules" lutam contra a pobreza menstrual.
Outro avanço na luta para quebrar o tabu sobre o tema é que os anúncios agora mostram o sangue menstrual com líquido vermelho em vez de azul, exibindo nos anúncios a menstruação como ela de fato é, incentivando que se encare com naturalidade o tema.