Doze jurados têm nas mãos o destino do ex-produtor de Hollywood Harvey Weinstein, de 67 anos. Eles começam a deliberar nesta terça-feira (18) sobre seu futuro, após quatro semanas de julgamento, que iniciou em 22 de janeiro em Nova York. Trata-se de um caso histórico para o movimento #MeToo.
Weinstein é acusado pela promotoria de agressão sexual e estupro. Se for considerado culpado, pode ser condenado a uma pena máxima de prisão perpétua.
Produtor de sucessos do cinema como Pulp Fiction e Shakespeare Apaixonado, Weinstein é o primeiro homem acusado de assédio e agressão sexual no âmbito do #MeToo a ser julgado criminalmente. Embora tenha sido citado por mais de 80 mulheres, incluindo celebridades como Madonna e atrizes como Ashley Judd e Uma Thurman, ele está sendo julgado apenas por dois supostos casos: contra sua ex-assistente de produção Mimi Haleyi e a atriz Jessica Mann. Os demais que foram denunciados formalmente prescreveram.
O caso, no entanto, é complicado. A promotoria enfrentou dificuldades para mostrar ao júri que Weinstein é culpado "além de qualquer dúvida razoável". A acusação diz que o produtor "aproveitou seu imenso poder na indústria cinematográfica para agredir sexualmente aspirantes a atrizes e funcionárias do setor por anos".
Os crimes julgados no tribunal criminal de Manhattan são: uma suposta agressão sexual contra a ex-assistente de produção Mimi Haleyi, que o acusa de ter feito sexo oral contra sua vontade em 2006, e o suposto estupro da ex-atriz Jessica Mann em março de 2013.
A defesa mostrou ao júri dezenas de e-mails mostrando que as duas denunciantes mantiveram um relacionamento afetuoso com o produtor por anos após os supostos ataques, incluindo relações sexuais consensuais.
A promotora Joan Illuzzi-Orbon garantiu na última sexta-feira (14) que as acusadoras "não têm motivos para mentir".
– Por que passar por todo esse estresse de testemunhar se não estão dizendo a verdade? – questionou. – Sacrificaram sua dignidade, sua intimidade, sua calma na esperança de fazer sua voz ser ouvida.
A advogada que lidera a defesa, Donna Rotunno, disse que as acusadoras "manipularam Weinstein para alavancar suas carreiras e instou o júri a ter a coragem de tomar uma decisão que admitiu ser impopular": ou seja, absolver seu cliente.
Segundo Rotunno, a promotoria "criou para o júri uma espécie de universo alternativo, onde as mulheres não são responsáveis pelas festas que frequentam, nem pelos homens com quem flertam (...) ou pela ajuda que pedem para obter emprego". Ao final, a advogada responsabilizou as mulheres pelo que aconteceu.
Rotunno lembrou ao júri que, para condenar o acusado, deve-se ter certeza de sua culpa "além de qualquer dúvida razoável" e lembrou que a promotoria não apresentou provas forenses ou chamou a polícia como testemunha.
O júri
Doze pessoas compõem o júri: sete homens e cinco mulheres. Para confirmar uma condenação, os jurados devem chegar a um veredicto por unanimidade para cada uma das acusações. No entanto, também é possível que exista um veredicto misto: ser considerado culpado de algumas s e absolvido de outras.
Weinstein enfrenta ainda uma investigação paralela por crimes sexuais em Los Angeles e também é alvo de vários processos civis.
* com informações da AFP