Acusações de assédio seguem surgindo, e só aumenta o escândalo envolvendo o produtor americano Harvey Weinstein. A atriz americana Uma Thurman, vinculada ao estúdio Miramax, de Weinstein, por suas atuações em Pulp Fiction e Kill Bill, rompeu o silêncio e acusou o produtor de assédio e de ameaçar sua carreira, em entrevista publicada neste sábado (3). Além disso, revelou que o diretor Quentin Tarantino obrigou-a a dirigir um carro sem condições ideais de funcionamento, o que resultou em um acidente.
Dezenas de estrelas de Hollywood, como Ashley Judd, Gwyneth Paltrow, Kate Beckinsale e Salma Hayek, já haviam acusado Weinstein de diferentes formas de agressão sexual, desde assédio até estupro.
Em entrevista ao jornal The New York Times, Uma, 47, contou que, após uma reunião de trabalho em Paris, Weinstein a convidou até seu quarto de hotel e uma sauna. Depois, voltou a encontrar o produtor, em sua suíte no hotel Savoy de Londres, onde teria sofrido um "primeiro ataque".
"Ele me empurrou para baixo. Tentou se jogar sobre mim. Tentou se exibir. Fez todo tipo de coisa desagradável", descreveu a atriz.
"Weinstein admite ter se equivocado com Uma na Inglaterra, depois de interpretar erroneamente seus sinais em Paris. Ele se desculpou imediatamente", diz um comunicado do porta-voz do produtor, que se encontra em um programa de reabilitação no Arizona. "A relação entre ambos era uma relação de trabalho divertida e sedutora."
Depois da agressão, que ocorreu após o lançamento de Pulp Fiction (1994) e antes de Kill Bill: Vol. 1 (2003), Uma foi acompanhada da amiga Ilona Herman a uma reunião para confrontar Weinstein. Mas os assistentes do produtor a pressionaram a se reunir sozinha com ele em seu quarto.
"Se fizer o que fez comigo com outras pessoas, vai perder sua carreira, sua reputação e sua família. Eu prometo", lembrou Uma de ter dito a Weinstein.
Segundo Ilona, maquiadora, Uma saiu furiosa do encontro com Weinstein. "Estava muito despenteada, e tão incomodada e tão pálida. Estava realmente tremendo", descreveu, lembrando que a atriz lhe disse, depois, que o produtor havia ameaçado acabar com sua carreira.
Weinstein negou as acusações, e através de seu porta-voz disse que considera Uma Thurman "uma atriz brilhante".
"O sentimento difícil que tenho em relação a Harvey é o quão mal me sinto por todas as mulheres que foram atacadas depois de mim", lamentou a atriz.
Os maiores sucessos de Uma, "Pulp Fiction" e "Kill Bill", foram dirigidos por Quentin Tarantino e produzidos por Weinstein, dupla que era considerada uma das mais poderosas de Hollywood.
Uma contou também que Tarantino a persuadiu a realizar a icônica cena de Kill Bill em que a atriz dirige um carro em preto e branco. Segundo a artista, o diretor pediu para ela realmente guiar o carro, apesar de um membro da equipe avisar que o automóvel não estaria funcionando bem. A atriz insistiu que não queria fazer a cena, mas não foi ouvida. Como resultado, Uma contou que sofreu um grave acidente ao ser obrigada a filmar.
A atriz, que lutou 15 anos para conseguir a filmagem, concedeu ao New York Times o vídeo do acidente, que lhe causou ferimentos na perna, no pescoço e na cabeça. Uma afirma que tentou ter acesso às filmagens na época, mas a Miramax disse que só mostraria se ela assinasse um termo livrando todos das responsabilidades e das consequências de sua saúde.
"Quentin e eu tivemos uma grande briga, e eu o acusei de tentar me matar. E ele estava muito irritado com isso, acho, compreensivelmente, porque ele não sentiu que tentara me matar ", relatou ao periódico.
"Ele se desculpo 15 anos depois me dando a filmagem. Não que isso importe agora, já que tenho meu pescoço danificado permanentemente e meus joelhos ferrados”, desabafou.