Bateu aquela vontade de experimentar a ioga? Então a boa notícia é que tudo o que a pessoa precisa para começar a praticar é ter um corpo e respirar. Atributos como a flexibilidade, a força e o equilíbrio para executar as posturas — chamadas asanas — virão com o tempo, mas não são necessários para quem está recém começando.
— A ioga é para todos. Muitas pessoas têm uma ideia de que para praticar tem de ser magro e flexível, mas a ioga não é isso, vai muito além do tapete. Trabalha corpo, mente e respiração, e isso ajuda a acalmar os pensamentos e ter mais clareza mental. A prática de ioga nos aterra, nos aproxima do nosso propósito e ajuda a lidar com as impermanências da vida. É uma disciplina diária que possibilita que nossos dias sejam mais leves — afirma a instrutora Ana Carolina Anés.
Ana é praticante de ioga e professora em Porto Alegre. Ela atua no Anandam Yoga & Cultura e ao ar livre, no Parque Farroupilha (Redenção) — para saber as datas, é só acessar o perfil no Instagram. Segundo ela, a maioria das pessoas busca a atividade para aliviar a ansiedade e o stress, e conseguem atingir esse objetivo. Além de melhorar o preparo físico, a ioga traz ferramentas que ajudam a pessoa a se desconectar do burburinho do dia a dia e a trazer o foco para o momento presente, o "aqui e agora".
Confira algumas dicas da instrutora Ana Carolina Anés para começar a praticar ioga do zero.
1. Dê o pontapé inicial
O mais importante é se permitir dar o pontapé inicial quando surgir a vontade de aprender mais sobre a prática. É possível fazer em casa, em um ambiente tranquilo e espaçoso como a sala, mas para quem está começando, Ana Carolina indica procurar um estúdio — conhecido como shala — onde o aluno terá contato e orientação com professor e colegas e vai poder avaliar se se sente à vontade ali.
— Se não quiser procurar um estúdio logo de cara, o indivíduo pode participar de alguma ioga na praça, ao ar livre. Em Porto Alegre, por exemplo, há vários grupos que reúnem pessoas de diferentes cores e classes e que são bem abertos a novos alunos. É bom para experimentar e conhecer sem julgar — afirma Ana.
2. Não se compare aos outros
Cada um tem a sua jornada, por isso a dica é não se comparar com colegas que praticam há anos e já conseguem fazer posturas super avançadas — vale lembrar que eles provavelmente praticaram muito até chegar neste nível. O iniciante deve respeitar o limite do seu corpo e regular as expectativas para não se frustrar. Com a ajuda de um professor, é possível adaptar as posturas a sua capacidade.
— Também não se compare consigo mesmo, pensando: "Ah, na semana passada, eu estava conseguindo fazer melhor esta postura". Nossa vida oscila e a prática ali no tapete é um reflexo disso. Se a minha vida está turbulenta, não vou conseguir fazer muitas posturas de equilíbrio, estarei instável. Mas a ioga é uma grande ferramenta para nos ajudar a lidar com a montanha-russa que é a vida — afirma a instrutora.
3. Use roupas confortáveis
Não é preciso gastar dinheiro em um look específico. Vale usar qualquer roupa que seja confortável, como bermuda, legging e camisetas soltinhas, que não fiquem repuxando — use qualquer coisa menos calça jeans. Deixar a roupa e os materiais separados na noite anterior é uma boa estratégia para acordar e partir direto para a prática, sem dar chance para a procrastinação.
— O costume é praticar sobre um tapetinho chamado mat, mas também é possível fazer sobre uma toalha ou algo fofinho já que, dependendo das posturas executadas, a pessoa pode sentir o chão mais duro. Uma almofadinha também pode ajudar caso seja alguém que sente dores na lombar ou nos joelhos — orienta Ana.
4. Selecione bem as videoaulas
Se for seguir aulas na internet, busque materiais feitos por profissionais confiáveis, que já são conhecidos no mercado, para não correr o risco de se machucar. E comece do início, alongando, esticando o corpo, fazendo as respirações. Ana garante que não é preciso fazer um Cirque du Soleil para ter uma boa sessão.
5. Estipule metas realistas
Comece pensando em como é a sua vida e estabeleça metas realistas. Se na sua rotina não tem espaço para encaixar cinco dias de prática por semana, coloque dois dias. O mesmo vale para o momento de meditação:
— Quando terminar a aula e for se sentar confortavelmente para meditar, coloque um timer de cinco minutos, comece com durações mais curtas. Aos poucos, você pode ir aumentando esse tempo.
6. Reflita sobre o seu propósito
Com os compromissos do dia a dia, às vezes fica difícil colocar atividades de bem-estar no topo das prioridades. Mas Ana afirma que, a partir do momento que a pessoa reflete sobre o real propósito pelo qual está se envolvendo com a ioga, fica mais fácil criar comprometimento:
— Quando você pensa sobre o propósito pelo qual está levantando cedo X vezes por semana para praticar e toma consciência dos benefícios que isso traz para o seu bem-estar físico e emocional, você vai conseguindo colocar a ioga como prioridade e vai adquirindo disciplina.
Também é importante buscar ter constância, motivo pelo qual é preferível fazer 10 minutos por dia de ioga do que fazer apenas uma vez na semana, orienta Ana. Isso porque a constância permite identificar com mais clareza os benefícios que a prática está tendo, tanto no corpo quanto na mente.
— A saudação ao sol, por exemplo, é uma sequência de posturas bem completa. Se a pessoa iniciante fizer cerca de cinco repetições desta saudação todos os dias da semana, terá muito mais benefício do que indo à aula apenas uma vez por semana. E a constância faz com que rapidamente se crie um hábito, fique tão automático quanto acordar, lavar o rosto e escovar os dentes — explica a professora.
7. Evite comer antes da prática
A orientação é praticar em jejum ou então tentar não ingerir nada nas duas horas que antecedem a prática. O motivo é que a ioga trabalha muito a respiração abdominal e se o indivíduo estiver de barriga cheia, poderá acabar sentindo um mal-estar, ficar enjoado ou indisposto. Para quem não consegue fazer o jejum, a dica é dar preferência para alimentos leves, como iogurte, um suco ou uma fruta.