O pão ajuda ou atrapalha na dieta? Se você não pensou duas vezes antes de responder, é muito provável que tenha respondido errado.
Essa é uma das questões que surge com frequência nas consultas com minhas pacientes. "Agora vai, nutri, já até cortei o pão lá de casa!", elas me dizem. Não sei exatamente de onde surgiu essa ideia, mas hoje vou revelar algo que vai te libertar: o pão não é o vilão do seu processo de emagrecimento.
Gosto de frisar sempre: o pão não engorda assim como a maçã não emagrece. Esses processos são complexos e dependem de uma enorme quantidade de fatores.
Um estudo realizado em 2012 e publicado na Clinical Nutrition trouxe um resultado interessante. Os pesquisadores avaliaram dois grupos para testar diferentes estratégias nutricionais. Ambas eram dietas com baixas calorias, a diferença era mesmo a presença do pão: um grupo tinha e o outro não.
Os grupos estudados tiveram três fatores em comum: dieta hipocalórica (baixa caloria), educação nutricional e recomendação de prática de atividade física.
O bom desse trabalho é mostrar que uma dieta vai muito além de um determinado alimento, e mais do que isso, ajuda a evitar restrições desnecessárias que, no fim das contas, acabam desgastando e afastando a pessoa do objetivo. Foram quatro meses de acompanhamento e os resultados foram os seguintes:
Peso e percentual de gordura: ambos os grupos perderam peso ao final do estudo - com ou sem pão na dieta. Agora pasme: o grupo que consumiu o alimento perdeu quase 500 gramas a mais! O percentual de gordura também foi bastante similar. Quem consumiu pão diminuiu o percentual de gordura em 2,1% contra 2,5% do outro grupo.
Glicose, colesterol e outros parâmetros bioquímicos: assim como os valores de peso e percentual de gordura corporal, os exames bioquímicos mostraram diferença pouco significativa entre os dois grupos. Isso quer dizer que mesmo consumindo o pão, os exames não mostraram predisposição para diabetes, aumento no colesterol, alteração nos níveis de triglicérides, entre outros.
Adesão: aqui entra o fator mais relevante do estudo e que nos mostra o quão é importante que a estratégia alimentar faça sentido de forma geral, e não focando em alguns alimentos apenas. A porcentagem de desistência do grupo que consumiu pão foi de apenas 6% contra 22% dos que não podiam comer esse alimento.
O que tudo isso quer dizer?
Que adotar uma dieta que seja leve e sem restrições sem sentido é fundamental para que você consiga manter um novo padrão alimentar. É claro que a quantidade, quando e como consumir cada alimento é uma tarefa que só seu nutricionista pode te dizer, de acordo com seu objetivo e suas necessidades.
Se estiver dentro das suas quantidades de calorias, carboidratos, vitaminas e minerais, está tudo certo! Você pode, sim, comer o que gosta. A partir de hoje, nada de demonizar nenhum alimento, combinado?
Paula Mar Pinto tem 28 anos e é nutricionista clínica por formação, mas se considera uma "facilitadora de experiências saudáveis". Depois de muito brigar com a balança, resolveu se aliar a ela. É autora do projeto E Agora, Nutrinha?. Escreve semanalmente em revistadonna.com.