O Grêmio entra em campo neste domingo (22) pela decisão da Ladies Cup. A final será contra o Bahia, às 16h, no estádio do Canindé, em São Paulo. O momento que poderia ser apenas de celebração por chegar em mais uma final, no entanto, ficou marcado pelas repercussões do jogo contra o River Plate.
Na sexta-feira (20), na partida que determinou a classificação, o resultado não foi determinado apenas dentro de campo e nos 90 minutos. A partida contra o time argentino precisou ser encerrada ainda no primeiro tempo. Após o gol de empate do Grêmio, houve uma briga generalizada e atletas do River Plate teriam cometido o crime de injúria racial contra um gandula. Atletas do próprio Grêmio também relataram ter sido alvo de palavras e gestos racistas ao defender o gandula.
No âmbito jurídico, o Grêmio realizou boletim de ocorrência e está acompanhando os desdobramentos do caso. O time argentino foi penalizado em várias esferas. Quatro jogadoras envolvidas nos atos estão presas em São Paulo. O clube foi excluído desta edição e está suspenso pelos próximos dois anos do torneio.
Na curta preparação para o jogo, o Grêmio sabe que além dos aspectos técnicos e táticos, o elenco terá superar outro fator: o psicológico. Em entrevista a Zero Hora, Marianita Nascimento, diretora do departamento de futebol feminino do clube, afirmou que o elenco ficou abalado pelos episódios. O resultado esportivo, de certa forma, ficou em segundo plano.
Durante a confusão, foi possível acompanhar na transmissão do canal SporTV que as jogadoras do Grêmio saíram em defesa do gandula, que também estava sendo alvo de violência física por parte de atletas do River Plate. O time gremista deixou o campo por conta dos atos de injuria racial.
— Estamos tentando construir um ambiente bem positivo, de fala, de conforto. A gente sabe que a equipe se abalou toda, sem exceção. É muito sério o que ocorreu e não tem como a gente fazer de conta que não aconteceu. Sabemos do compromisso e eu tenho absoluta certeza que essas meninas vão dar o melhor delas. Independentemente se a gente vai ganhar ou perder, acho que só o ato e as atitudes que foram tomadas pelas atletas, pela comissão e pelas pessoas que estavam lá (no Canindé), estamos de parabéns. Isso nos honra — disse a dirigente.
A final da Ladies Cup de 2024 será muito mais do que a disputa de um título. Diante dos recentes acontecimentos, será mais uma oportunidade de reflexão contra a discriminação racial. A organização já informou que diversas ações de conscientização serão realizadas.
Os fatos deste ano já terão repercussões imediatas para as próximas edições. A comissão organizadora decidiu por implementar uma nova diretriz: estará previsto em regulamento o banimento sumário de qualquer clube ou seleção participante, cujos atletas ou dirigentes executem gestos racistas no campo de jogo.
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