A palavra do momento é "jejum". Jejum intermitente, jejum de 24h, exercício aeróbico em jejum. Alguns estudos mostram que essa prática ajuda a emagrecer. Confira abaixo as respostas às quatro perguntas mais comuns sobre o jejum
1. O que é jejum?
Jejum é a ausência da ingestão de alimentos por, no mínimo, seis horas. Nós temos dois estados opostos no organismo, alimentado e jejum. No estado alimentado, após a ingestão de qualquer alimento, ocorre uma série de reações para utilizar os nutrientes ingeridos, seja para gasto imediato, seja para estoque. Se não houver consumo de alimentos novamente, o corpo vai entrando em estado de jejum, no qual o organismo precisa retirar dos estoques os nutrientes guardados para manter suas funções.
2. O que rola no organismo durante o jejum?
O foco do corpo é produzir glicose, pois é o primeiro combustível das células e do cérebro. Todos os nutrientes se transformam em glicose: o carboidrato é o mais fácil, por isso, ele é utilizado primeiro durante o jejum. A gordura só vai começar a ser mobilizada mais tarde, pois ela é um nutriente importante para a sobrevivência, então o corpo tende a poupar. O músculo é um tecido nobre, não é a primeira opção, mas a proteína fornece energia muito rápido, então, dependendo da urgência, o corpo vai utilizar a proteína para formar glicose também. Nesse estado de jejum, temos a liberação de hormônios como adrenalina e cortisol que, em excesso, podem trazer efeitos negativos para o organismo.
3. É saudável fazer exercício em jejum?
A melhor resposta é: depende. Depende de quem você é, de qual exercício está praticando e qual o seu nível de treinamento. O exercício em jejum pode ser perigoso para aquelas pessoas que são sedentárias, não estão acostumadas a treinar sem comer e vão fazer exercícios muito intensos logo de cara. Pessoas com problemas de glicose ou pressão arterial baixa, gestantes e idosos também são de risco. O corpo é uma incrível máquina de adaptação. Então, se você treinar fazer exercício em jejum, seu corpo vai se adaptar e tirar o melhor proveito desse tipo de treinamento. Estudos mostram que treinar com níveis baixos de carboidrato (jejum) amplificam as respostas ao treino e o corpo se adapta melhor ao exercício.
Outra melhora parece ser na mobilização e na queima de gordura: uma vez que falta carboidrato, as gorduras passam ser a principal fonte de energia. Mas essas adaptações levam tempo, pelo menos de duas a três semanas. E, nessa fase inicial, você poderá sofrer algumas consequências negativas, como diminuição do desempenho no exercício, cansaço aumentado, diminuição da massa muscular, dores musculares aumentadas após a sessão de exercício e diminuição da recuperação muscular.
O praticante pode não render tanto quanto no treino alimentado, por isso, atletas que buscam alto desempenho nos treinos talvez não se beneficiem na hora da prova, entretanto, é bastante comum eles usarem os treinos em jejum como estratégia durante o treinamento para potencializar a sinalização de adaptação no organismo.
4. Qual a melhor estratégia para começar?
A minha principal orientação é: vá devagar. Você vai sentir bastante diferença entre treinar alimentado e não alimentado. Podem surgir tonturas, náusea e muita fraqueza na sessão do treino. Então, comece devagar. Dê preferência a exercícios aeróbicos leves (caminhar, pedalar, nadar), pois eles utilizam mais a gordura como fonte de energia. Comece com pouco tempo de exercício, 15 a 20 minutos nos primeiros dias. E a qualquer sinal de alerta, pare o exercício. Respeite seu corpo e deixe ele se adaptar. Com segurança, você começa a modular seu metabolismo para gastar mais gordura.
Conselho de profissional
Não se esqueça de se alimentar logo em seguida do treino. Seu corpo vai estar precisando dos nutrientes. Dê preferência a alimentos naturais, integrais e ricos em vitaminas e minerais como frutas, sementes, tofu, legumes e feijões. Busque a orientação do nutricionista e do profissional de educação física, eles serão essenciais para diagnosticar se você está apto a fazer esse tipo de treino. Importante: cada organismo é único, talvez o exercício em jejum não seja adequado para você. Não existe milagre! Como muitas pessoas não conseguem se adaptar a fazer exercícios sem se alimentar, essa é uma estratégia, e não a única opção.
#FicaDica
Se você busca o treinamento em jejum para o emagrecimento, não se esqueça de prestar atenção no que você consome no resto do dia também. Só fazer exercício em jejum não emagrece se você não tiver uma alimentação equilibrada, uma organização de treino adequada e um sono de qualidade.
Raquel Lupion é formada em Nutrição e Educação Física, tem especialização em Nutrição Clínica e Mestrado em Ciências do Movimento Humano. Sua motivação é promover um estilo de vida saudável, fugindo de radicalismos e tentando encontrar o caminho do meio entre o que é necessário e o que é prazeroso. Na vida profissional, divide seu tempo entre atender em consultório, dar aulas de yoga, palestrar e ministrar cursos. Escreve semanalmente em revistadonna.com.