Estamos passando por uma fase bem delicada, decepcionados com o que ocorre a nossa volta, o que é potencializado pelas redes sociais e cria um clima de terror e pânico.
Lógico que há coisas erradas, e o clima angustiante de certa forma é justificável. Mas o ponto é que essa maré está fazendo com que a gente exagere a dose ao darmos uma dimensão negativista desproporcional. Ao invés disso, deveríamos valorizar mais as coisas boas que seguem acontecendo normalmente – vejam só que loucura: ainda existem coisas boas!
O país do futebol perdeu o brilho depois da Copa do Mundo. Decidimos enrolar a bandeira e escondê-la no fundo do armário, atrás daqueles casacos de inverno, deixando o patriotismo de lado.
Alguém notou que até aquele pessoal que gosta de viajar de avião vestindo a camisa da Seleção está meio desaparecido? Pois é. Sempre achei graça disso, porque nada pode ser mais brasileiro, mas o nacionalismo anda em baixa. Ninguém mais chora no Hino nem batiza os filhos de Rivaldo, Hortência ou Ayrton Senna.
Há muita descrença, mas tenho certeza que, mesmo que adormecido, o orgulho ainda está no nosso coração e sempre desperta diante da vitória. Nessa linha de parar de reclamar e a valorizar nossas conquistas, chorei feito criança quando vê o Papai Noel ao presenciar nosso país no lugar mais alto do pódio do Bocuse D’Or, a copa do mundo da gastronomia.
A alagoana Giovanna Grossi defendeu o nosso país na etapa latino-americana, realizada no México, semana passada, ao lado de talentos do Peru, Chile, Uruguai, Colômbia, Argentina e da Guatemala, além do país anfitrião. A final ocorrerá em janeiro de 2017, em Lyon, na França.
Nossa equipe, presidida por Laurent Suaudeau, desenvolveu os pratos mais lindos em frente a um júri de peso, composto por chefs e especialistas ligados a restaurantes que integram a lista do 50 melhores da América Latina, como Gaston Acúrio.
É isso! São momentos assim que devem predominar, no fim das contas. Ainda existe uma saída. Eu sigo acreditando em ti, Brasil. Pelo menos na cozinha, nem tudo está perdido.