Essa semana finalmente, depois de quase dois anos fechados por causa da pandemia, reabri meu restaurante, o Sud, o Pássaro Verde, no Rio de Janeiro. Senti emoções tão confusas, que não sei se conseguiria explicar. Num certo momento, quando já não estava dando conta de tantos sentimentos confusos que circulavam dentro de mim, finalmente cheguei a uma conclusão: eu já havia aberto alguns restaurantes. Mas eu nunca havia reaberto um restaurante!
É absurdamente diferente. O frisson, os medos e as angústias são de outra ordem. Abrir um restaurante tem aquela insegurança totalmente natural para quem carrega no casco a humildade. Vai dar certo? Não vai dar certo? Esquecemos alguma coisa? Algum equipamento falhou? E agora? Improvisa e põe para rodar! No final da noite aquela sensação de que foi! Todo mundo cansado e eufórico ao mesmo tempo. É uma aventura singular.
E reabrir um restaurante? O que é isso? De repente em março de 2020 tudo ia muito bem! Bem demais! Casa sempre lotada, filas lindas na porta. Eu adoro filas, acho que elas demonstram do lado do cliente, um respeito tão grande. Enfrentar uma fila, no mundo de hoje? Acho lindo, me emociona.
Mas voltando a março, 2020: todos os estabelecimentos devem encerrar suas atividades. Só é permitido operar com o delivery. Parou! Não fechou exatamente. Não estava com problemas financeiros. Não estava sem clientes. Não estava passando por nenhuma necessidade.
Ao contrário, estava vivo, estava lindo! Estava criando filas! Já disse que adoro filas, né Fecha tudo, transforma tudo aquilo que estava lindo, num front de guerra. Compras quentinhas, sacolas, embalagens. Se despeça dos pratos!
Não sabemos quando vamos nos reencontrar… Não tem mais o barulho bom das conversas, dos brindes. Não tem mais filas…
E reabrir? Como é que reabre? Acho que não consigo explicar tudo que estou sentindo ainda. Vamos deixar para o próximo artigo. Vou ter uma semana para digerir todos esses sentimentos confusos, e aí eu conto para vocês. Prometo!