Quando tu começas a listar a quantidade de perdas que se foram rio abaixo, é difícil parar de contar, porque a cada momento surge na lembrança mais um, mais outro e mais outro. Um rápido exercício, que serve para dar uma dimensão, é repassar na memória a rotina diária de cada um de nós. Uma triste constatação do tanto que está em jogo.
A tua churrascaria preferida, o teu hambúrguer favorito, o teu xis de confiança, o café com memória afetiva, o PF imbatível, o bolinho de bacalhau com chope gelado inigualável, o quilo com a galera do trabalho, o parmegiana insuperável, o galetinho de sempre.
Todos eles, ainda corcoveando, tentando firmar o cavalo, com cicatrizes e boletos abertos.
Se a gente se afasta da cena e observa um pouco mais de longe, enxerga o impacto no produtor de queijo, de leite, de suínos, no tio da erva-mate, na tia da geleia, no frigorífico que fornecia para o açougue, na vinícola e no produtor de uva que vendia sua safra. No produtor de cerveja artesanal, no alambique, na família que fornecia arroz para a cooperativa, na tia que vendia hortifrúti na feira, no barbudo aquele gente-boa que fazia a farofa caseira, na tia da cuca.
Percebe que cada personagem representa várias famílias, e que todas elas de alguma forma se conectam com a nossa? Do familiar, artesanal, caseiro ao gigante. Todo mundo naufragou.
O complexo de restaurantes do 4º Distrito, principal polo de economia criativa do país, onde residiam alguns unicórnios e grandes startups, agências e coletivos que geravam um impacto positivo incalculável na nossa economia.
Este texto não é para nós, gaúchos de nascimento ou gaúchos por adoção. Porque estamos todos sentindo isso na pele, nos abraçando e enxugando as lágrimas uns dos outros. Sabemos bem os dias difíceis que estamos vivendo.
Na verdade, este texto é para quem não está aqui no Rio Grande do Sul, e que, por mais impactado que esteja, nunca vai entender o que estamos vivendo.
Vamos fazer um combinado? Do lado de cá, a gente promete seguir forte, aguerrido e bravo, a nossa história mostra que desistir nunca foi uma opção.
E do lado daí, faça negócios com os gaúchos. Apoie iniciativas daqui. Priorize empresas do RS nas suas estratégias. Crie relações comerciais com marcas daqui.
É hora do Brasil todo ser gaúcho. Negócio fechado?