A poucas semanas do Natal e do Ano-Novo, quando milhares de gaúchos devem ir de mala e cuia para a praia, GaúchaZH pegou a estrada para ver como estão os caminhos que levam ao Litoral Norte. De 26 a 28 de novembro, repórteres, fotógrafos e motoristas percorreram 1,4 mil quilômetros de oito rodovias (ida e volta) para antecipar o que os motoristas terão de enfrentar para chegar ao seu lugar ao sol.
A reportagem levou em conta cinco aspectos. Três deles foram inspirados na metodologia da Pesquisa CNT de Rodovias, que avalia anualmente todas as estradas do país: geometria da via, em que são observadas as condições de tráfego, como presença de faixa adicional, de pontes e viadutos, e a situação dos acostamentos; pavimento, que diz respeito à situação do asfalto e presença de buracos; e sinalização, tanto a horizontal (faixas centrais e laterais na pista) quando a vertical (placas).
GaúchaZH ainda analisou a limpeza, em relação à presença de lixo e vegetação nas margens, e serviços, sobre a disponibilidade de guincho e ambulância.
Depois de 21 anos, este será o primeiro verão em que o trecho entre Porto Alegre e Osório da BR-290, conhecido como freeway, não terá cobrança de pedágio (devido ao fim do contrato com a Concepa) – ao menos até fevereiro, quando a nova concessionária começará a operar.
Se as cancelas abertas podem ser positivas para o bolso dos motoristas num primeiro momento, as condições da estrada foram motivo de preocupação às vésperas do veraneio.
Em setembro, quando a estrada chegou a apresentar mais de 600 buracos, uma empresa contratada pelo Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) começou a atuar e, desde então, a situação melhorou. O prejuízo com danos aos veículos pode ter diminuído, mas se houver necessidade de guincho ou de ambulância, é o contribuinte quem vai ter de arcar.
Caso a freeway congestione de motoristas atraídos pelo fim do pedágio, a alternativa pode ser a RS-030. A chamada Estrada Velha, que era a única opção para ir da Região Metropolitana a Osório até a década de 1970, entretanto, faz cada vez mais jus ao nome. Além das curvas sinuosas em pista simples, a vegetação cresce livremente e encobre placas importantes, a sinalização sumiu em muitos pontos e há buracos profundos que já causaram graves acidentes.
Ligação entre a Região Metropolitana e as praias mais ao sul do Litoral Norte, como Cidreira e Pinhal, a RS-040 deverá ser um pesadelo para os veranistas. A rodovia, que já registrava longos congestionamentos nos finais de semana de verão, estará em obras durante toda esta temporada. A conclusão de um novo viaduto no entroncamento com a RS-118, em Viamão, deve aliviar o trânsito, mas somente depois de junho. Ate lá, a construção obriga o motorista a fazer desvio por dentro da cidade e a reduzir a velocidade.
Única estrada pavimentada entre a Serra e o Litoral Norte, a Rota do Sol desafia os motoristas não só pelos declives, como pelos buracos e ondulações, que persistem em muitos pontos, mesmo após obras de recapeamento feitas nos últimos anos, além de placas velhas e sinalização apagada.
Quem for utilizar a BR-101, seja para as praias mais ao norte do Estado ou as de Santa Catarina, se surpreenderá com a queda na qualidade da via em comparação a temporadas anteriores. A rodovia exibe trechos longos de pista descascada, daqueles que fazem o carro trepidar porque não tem por onde escapar. A nova concessionária que atuará na freeway, bem como nas BRs 386 e 448, também será responsável pela 101, mas deverá começar as intervenções somente a partir de fevereiro. O pedágio a ser instalado em Três Cachoeiras fica para 2020.
A RS-389, conhecida como Estrada do Mar, passou a ser menos utilizada pelos motoristas desde que a duplicação do trecho gaúcho da BR-101 foi concluída, há quase oito anos, mas nem por isso seu estado de conservação melhorou. Asfalto rachado, falta de acostamento e sinalização apagada são alguns dos principais problemas da via.
Quem for para Xangri-Lá e Capão da Canoa e quiser evitar a Estrada do Mar pode se estender pela BR-101 e ingressar na RS-407. Mas não evitará problemas. A falta de acostamento e de um viaduto na rótula com a Estrada do Mar são os principais desafios do trecho. Nada comparado com a Interpraias, avaliada pela reportagem como a pior via do Litoral Norte. Buracos, imperfeições no asfalto, problemas de sinalização horizontal e vertical, lixo às margens, pista simples e sem acostamento, trechos urbanos com pedestres caminhando no leito da via e um trecho final de paralelepípedos fazem parte do caos que se tornaram os 70 quilômetros que conectam internamente grande parte das praias.