Trafegar pelo trecho gaúcho da BR-101 tem sido um problema para motoristas nos últimos meses. A rodovia, que teve a sua duplicação entre Osório e Torres inaugurada em 2010, acumula buracos, desníveis e trechos sem camadas de asfalto. As imperfeições concentram-se, principalmente, no sentido Rio Grande do Sul – Santa Catarina, mas do lado oposto também são encontradas.
Entre Osório e Três Cachoeiras, é difícil encontrar pontos com asfalto em boas condições ao longo dos 62 quilômetros que dividem as duas cidades. São, em sua maioria, trechos de falhas, como se o asfalto estivesse "descascado".
Em Maquiné, por exemplo, GaúchaZH identificou um quilômetro inteiro com buracos em sequência. Alguns motoristas, inclusive, tentavam desviar, utilizando o acostamento e aumentado o risco de acidentes. O problema ocorre entre os quilômetros 62 e 63.
— A situação é ruim. Só buracos, gente com pneu furado. No trecho catarinense a situação está bem melhor — afirma o caminhoneiro Amarildo Correa, que mora em Araranguá (SC) e passa pela BR-101 duas vezes por semana para entregar móveis no Rio Grande do Sul.
Em Osório, entre os quilômetros 87 e 86, a reportagem identificou 45 buracos e imperfeições. Eles estão presentes em cima de viadutos, no acostamento e ao longo das faixas para os veículos.
— Piorou muito com as chuvas dos últimos meses, mas faz tempo que não vejo ninguém trabalhando na estrada. De noite, os carros passam e dá para ouvir aquele barulho forte dos pneus passando nos buracos — diz a comerciante Jéssica Ribeiro Costa, que mora às margens da BR-101.
De acordo com a Polícia Rodoviária Federal (PRF), passam em média pela estrada 20 mil veículos diariamente. Nos fins de semana dos meses de verão e nos feriados prolongados, como o da próxima sexta-feira (12), a média diária na rodovia pula para 80 mil veículos.
— A BR-101, com buracos, se torna ainda mais perigosa. Ela possuiu velocidade de 100km/h e os motoristas costumam trafegar em uma velocidade alta. Quando o buraco é profundo ou largo, isso pode contribuir para um acidente, já que muitos condutores acabam mudando de faixa para tentar desviar — afirma o inspetor da PRF Alessandro Castro.
Além da falta de manutenção, o tráfego pesado de caminhões – a rodovia é um das principais ligações entre o RS e o restante do país – contribui para o desgaste do asfalto. O aposentado José Nodel trabalhou 50 anos como caminhoneiro. Hoje, divide a vida entre Canoas e Terra de Areia e reclama da falta de manutenção do asfalto.
— Faço esse trajeto semanalmente. Cada vez está aumentando mais a buraqueira. É preciso uma manutenção permanente. Tem muitos caminhões pesados. Sem manutenção, não tem asfalto que resista — disse.
Enquanto os motoristas tentam desviar das armadilhas que surgem no meio do trajeto, há quem lucre. Borracharias localizadas às margens da estrada, consequentemente, estão com movimento maior com a situação precária da BR.
— O que acontece mais é a roda entortar. Tem buracos muito grandes. Até mesmo as rodas de caminhão entortam. O socorro aumenta e cresce bastante o movimento — diz o jovem Henrique Schawck, que trabalha ao lado do pai em uma borracharia, em Três Cachoeiras.
Conforme apurou a reportagem, o trecho da BR-101 entre Três Cachoeiras e Torres, embora apresente algumas imperfeições, está com condições do asfalto superiores ao restante da rodovia.
Orçamento escasso para duas rodovias
O Departamento Nacional de Transportes Terrestres (Dnit) reconhece a situação crítica na BR-101. O órgão alega que, com o fim do contrato do governo federal com a Concepa, empresa que administrava a freeway, o orçamento que era destinado aos reparos na BR-101 passou a ser usado também para trabalhos de recuperação do asfalto na BR-290, entre Osório e Porto Alegre.
O Dnit não informou qual é o orçamento disponível para a manutenção da BR-101 até o fim do ano. No entanto, o órgão destacou que iniciou nos últimos dias trabalhos de recapeamento do asfalto da rodovia. Atualmente, os serviços estão sendo realizados nas imediações do túnel de Morro Alto, no sentido Osório – Torres.
Segundo o Dnit, a chuva dos últimos meses no Estado contribuiu para o aumento dos buracos. O departamento garantiu que dará prioridade aos trechos mais críticos, já que a rodovia terá movimento mais intenso nos próximos meses por causa do verão.